10/12/2012

Agronegócio e a aritmética da produtividade

Sempre digo - e, infelizmente, o tempo comprova - que Dinheiro Rural é o melhor informativo sobre o futuro da gastronomia brasileira. Infelizmente, porque nem sempre o que é celebrado com entusiasmo pela revista e pelos agricultores, que aparecem invariavelmente sorrindo em suas páginas (a revista se assemelha a uma Caras do agronegócio), pode ser igualmente celebrado pelos que se ocupam da gastronomia. Mas eis algumas informações úteis que ela traz:

  1. menos é menos: haverá menos feijão e menos arroz na mesa do brasileiro, pois a área plantada encolheu nesta safra, graças à expansão da soja e do milho, que remuneram melhor os agricultores. Estima-se que o produto chegue ao consumidor 30% mais caro do que agora.

Menos arroz e feijão talvez signifique mais macarrão à mesa das classes C e D. É um assunto para a Bolsa Família e para a Conab.

  1. menos é mais: a empresa Cobb-Vantress, a maior especializada em genética avícola no mundo e que fatura US$ 32 bilhões/ano, entrou com tudo no Brasil. Ela busca o “frango ideal”, isto é, aquele rentável para o produtor. Fará nossos frangos comerem menos e engordarem mais e rapidamente. Segundo a empresa, a evolução esperada é a seguinte:



Esperamos que não acabem cruzando galinha com isopor! De qualquer forma, é urgente a regulamentação da criação e comercialização do frango caipira, inclusive determinando parâmetros genéticos aceitáveis.

  1. mais é mais: cacauicultores paraenses, de São Felix do Xingu e Altamira, visitam Ilheus para aprender novas técnicas de produção de cacau, como a clonagem.

Enquanto os produtores baianos fincam pé e querem indenização do Estado pela epidemia de “vassoura de bruxa”, a produção do cacau-commodity avança em outro lugar. A solução para a Bahia logo logo será apenas uma: investir no cacau amenity.

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