29/05/2014

O frango de Paladar e o frango do Comida


Digamos que a imaginação não seja o forte na redação de Paladar. Ou, então, que estejamos diante de uma questão transcendental... Senão como explicar a matéria de hoje, igual à do Comida de ontem? Tem gosto de frango requentado. Tá certo, “o objetivo do Paladar é fazer você comer e cozinhar cada vez melhor”, o de Comida talvez seja outro.

Para tanto, Paladar convidou o chef Carlos Siffert para ensinar a fazer o melhor frango assado e investigou “as melhores televisões de cachorro da cidade”. Confesso, contudo, que só fiquei mais confuso...

Paladar abandona a distinção que Comida fez entre frangos comuns, “orgânico”, caipira e sem antibióticos. Trata tudo igual. (Já havia tratado disso em edição anterior e deve supor que leitor é bom aluno...). Pensa mesmo naquele franguinho chinfrim que se compra em supermercado. O Carlos Siffert ensina, então, a tempera-lo e assa-lo. E explica que “por ser uma ave pequena, o frango não precisa de dez horas de marinada”. Lembra o leitor que, ontem, Comida mandou marinar por pelo menos 12 horas? E agora?

Mas o próprio jornal não leva a sério a opinião do chef consultado, pois diz que “é fácil de entender o que deu fama” ao franguinho do  Bologna: “É o tempero(...). Antes de ir para o espeto, passa dois dias numa marinada com água e ervas frescas”. Afinal, descabela-se o leitor e não sabe o que fazer com o frango pré-forno... 


Talvez opte por um frango pronto, tipo televisão de cachorro, para fazer frente à visita inesperada da sogra. E a amada sogra merece o melhor...

No quesito “melhor televisão de cachorro”, Paladar sugere vários endereços, nos quais o frango custa de R$23 a R$75. Acho realmente extraordinário que o frango televisado seja apenas aquele “dos jardins” e imediações. 


Nada mais democrático do que o frango de padaria aos domingos. Na cidade toda. Por que critério, que não seja o de classe social, bunda-molismo dos repórteres ou coisas semelhantes, se sente o jornal autorizado a falar em “melhor”? A turma da ZN, da ZL, que leia o jornal, fica déboussolé...

Então, caro leitor, o guia não guia, mas desvia. Se oriente, rapaz!
 

2 comentários:

Breno Raigorodsky disse...

O melhor da televisão de cachorro, no meu entender e provavelmente no dos cachorros, é que nesta pausa para propaganda não há

Léo disse...

Li as duas edições e vejo que paira uma certa preguiça nas redações. Para quem vive no interior do estado, onde a distância entre a granja (ou o terreiro) e a panela é menor, alguns trechos das reportagens foram até cômicos. Se equilibraram entre a commoditização e o luxo do frango, complicando o que devia ser descomplicado para os paulistas. Incrível como tudo foi construído sob o prisma urbano, de um animal essencialmente rural, assim como seus desdobramentos. Teve até Poulet de Bresse. Pena não ter tido nenhum frango a passarinho e nem ao molho pardo.

Ainda bem que nem enveredaram pelos lados dos galetos...

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