22/11/2015

Em 2015, a gastronomia não foi lá essas coisas...

A gastronomia, vista de uma perspectiva paulistana (esse falso "ponto de vista metropolitano"), não foi grande coisa. Sua tendência é a expansão, mas o ano foi de retração de negócios, graças à crise geral da economia. Muitas casas fecharam; outras, não fecharam mas acabaram com o almoço. Outras ainda, numa tentativa de expandir vendas, adotaram a pseudo “solução” foodtruck.

Os preços de uma refeição ficaram assustadoramente altos para a maioria dos clientes; os chefs, como não conseguem reduzir custos que implicariam em mudanças de hábitos seus e dos clientes, preferem sustentar preços altos e ver até quando aguentarão.

Por outro lado, houve uma mudança significativa da exposição pública da maestria nos meios de comunicação. Os master chefs da vida dominaram a cena, levaram o comer para a televisão de uma forma antes nunca vista por aqui. Tornaram-se claramente pop stars.

A primeira consequência foi a absorção pela publicidade. Margarina, pomarola, presunto e outras coisas passaram a ser propagandeados e avalizados por chefs com presença na Tv ou nas demais mídias. Tornaram-se produtos de marketing de terceiros. Inventam produtos, como o cuscuz de presunto, diluindo os projetos gastronômicos, artesanais, na maré da economia de massa. O Eataly, que abriu com grande estardalhaço, logo pisou na bola comercialmente ao tratar de modo inadequado os pequenos produtores que dizia “promover”.

Alex Atala - que parece ser jogador dono do próprio passe, agindo sem “escuderia” - ao contrário, expandiu os próprios negócios, que já atingem a marca de sete, sendo o ultimo um bufet para casamentos chics e encontros empresariais. Mani também dedicou-se a expandir os seus negócios. Jeferson Rueda, iniciou voo solo. Mas, no conjunto, os chefs pareceram agir, em 2015, mais longe da cozinha.

A imprensa especializada também sofreu fortes baques. Os jornalões despediram vários jornalistas em processo de formação/especialização. Comida fechou, e empurraram Nina Horta para o éter, Josimar para o turismo… Por outro lado, o Instagram e Facebook puderam multiplicar o festival de exibição dos foodies e ampliar o terreno do jabá, inclusive com o surgimento de posts patrocinados no Instagram.

Claro, alguma coisa pode ter melhorado. Marcelo Corrêa Bastos, no Jiquitaia, parece mais desenvolto, ampliando horizontalmente suas releituras de comida com evocação da tradição brasileira. No terreno da patisseria, a boa nova da inauguração da Gelato Boutique, mostrando que é possível fazer sorvete artesanal de qualidade, inventivo, sem recorrer às “bases italianas”, que num período recente serviram para enganar os consumidores, vendendo gato por lebre. São poucas coisas, não se perdeu totalmente o ano, e há esperanças para 2016.




0 comentários:

Postar um comentário