19/03/2017

Carne? É hora de tomar tento


O boi e a soja comeram literalmente o cerrado brasileiro e estão em vias de liquidar as florestas da Amazônia. A soja e o boi brasileiros vieram ao mundo com as mãos manchadas de seiva da floresta. 

O senador Blairo Maggi é o rei da soja, expressão de uma holding que faz de tudo: plantio, processamento, comércio de grãos, produção de sementes, reflorestamento, pecuária, venda de fertilizantes, geração de energia elétrica, administração portuária, transporte fluvial, exportação e importação. Faturou quase 4 bilhões de dólares em 2011. Ele é o Ministro da Agricultura, surpreendido pela operação Carne Fraca em plenas ferias.

A bancada ruralista é a bancada do boi e da bala. Todo mundo sabe. A produção pecuária, os grandes frigoríficos, são o seu sustentáculo. Ambas - a turma da soja e do boi - estão juntas num programa mínimo que é bem simples: flexibilizar a legislação ambiental, tirar o índio do caminho. E são responsáveis diretos pelas priores práticas ambientais.

Agora, na berlinda, lê-se por ai que a Polícia Federal está ajudando a destruir um dos pilares do desenvolvimento brasileiro - aquele que o BNDES fez tanta força para tornar um player mundial. Um capitalismo fortão para ninguém botar defeito. Dai deduzem que o “segredo de polichinelo” que é a corrupção no setor foi trazido à luz do dia por interesses políticos escusos. Se houvéssemos denunciado com afinco esses segredos anteriormente, talvez a Policia Federal precisasse de outros argumentos.

Digamos que esse modelo de desenvolvimento não é aquele pelo qual os democratas devam lutar. Digamos que a crise deflagrada na semana deixa mais evidente que é preciso revê-lo, inclusive porque suas grandes proezas são feitas sob proteção do Estado, que devia dedicar-se mais não só à saúde da população como à preservação ambiental. 

O objetivo público não é o lucro privado, mas sim regular o ambiente em que atuam as empresas privadas de modo a não macularem o interesse público. 


É hora de tomar tento.

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