23/09/2018

UM POVO ESCLARECIDO E UMA CLASSE POLÍTICA EM DIVÓRCIO COM SEUS VALORES


 

 

a maior rejeição é ligada aos agrotóxicos. Ao todo, 89% dos entrevistados dizem que não votariam em um candidato que apoie essa indústria

 

 

Sob o títuloPesquisa mostra rejeição a candidatos que apoiem indústria de armas e agrotóxicos” a Folha publicou, de modo discreto, em 21 de setembro, pesquisa surpreendente em seus resultados.

Surpreendente porque contraria todo o discurso de direita hoje corrente e ecoado nos quatro cantos da grande imprensa. Feita pelo Datafolha e encomendada por uma Ong anti-tabagista, a pesquisa mostra várias coisas:

- 89% dos entrevistados dizem que não votariam em um candidato que apoie a indústria dos agrotóxicos;

- 85% dos entrevistados afirmam que não votariam em candidatos que apoiam a indústria do tabaco

- 80% rejeitam os que apoiam a indústria de armas

 - 71%, a indústria do álcool

- 63% não votariam em candidatos que apoiam a indústria de alimentos ultraprocessados


Diz a matéria: “Para Paula Johns, diretora-executiva da ACT (que encomendou a pesquisa), os dados mostram um descolamento entre a opinião pública e a posição dos últimos eleitos no Congresso e em cargos do Executivo.Ela pondera que as bancadas têm crescido, embora o apoio muitas vezes ocorra de forma velada. “Isso não significa que, nas decisões políticas, não vejamos com muita clareza qual a bancada de cada setor pela postura nas votações.”

Johns lembra que a pesquisa do Datafolha realizada em 2014 também mostrava alta rejeição a candidatos financiados por indústrias das armas, fumo, álcool e agrotóxicos”.

A questão, portanto, diz respeito ao nível de consciência da população versus o nível de informação. Para o gerente do Instituto Sou da Paz, a divergência entre o resultado da pesquisa e o debate público “pode ser explicada pela maior mobilização nas redes sociais de grupos favoráveis à liberação do porte de armas”, por exemplo. E Alguns temas, como a regulação de alimentos ultraprocessados, estão fora da agenda da campanhas.

Por outro lado, 69% dos entrevistados são a favor de o governo conceder incentivos para as empresas aumentarem a produção de alimentos orgânicos (menos do que medicamentos, que atinge 78%).

Desse modo desenha-se o perfil de um público esclarecido, sub-representado ou totalmente contrariado pelos seus deputados e governantes.

A batalha deve se dar, então, nos meios informacionais e nas organizações políticas que buscam encaminhar um futuro melhor.  Esse o quadro que a pesquisa sugere.

Claro, alguém sempre poderá questionar a metodologia do levantamento e, por ai, suas conclusões. Pois então que se repitam e aprofundem pesquisas como essa, pois só temos a ganhar pelo conhecimento mais exato de como o brasileiro pensa sobre as questões que moldam o futuro.

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