22/02/2009

Guias gastronômicos

Os da Folha e do Estadão querem nos dizer, todo final de semana, “onde ir”. São feitos para quem não conhece a sua própria cidade. Tirante os que não saem de casa, ela é mesmo muito grande. Mas é curioso que esses guias se referem apenas a um pedaço da cidade: aquele no qual circulam os leitores, especialmente a zona Oeste e o Centro.
É um problema de método de trabalho. Impressionante a matéria da Folha (19/02/2009) sobre o circuito “out” de Buenos Aires. O repórter, Tiago Guimarães, imitando a jornalista norte-americana Layne Mosler, pega um táxi em Buenos Aires e vai onde os motoristas comem ou acham que se come o melhor. Logo em Buenos Aires onde se come razoavelmente bem em qualquer parte! Mas será que os guias estão em crise? Se formos levar a sério esse troço é bom esperar que a Copertaxi e outras empresas do ramo editem logo os seus próprios roteiros gastronômicos. Claro, se eles souberem ir ao Mocotó já será um grande ganho!
Como o Mocotó, que existe a 35 anos, entrou recentemente para os guias? Eis ai uma coisa interessante que nos diz como esses guias são feitos. Na verdade, não são guias sobre a cidade toda, nem para a cidade toda. São guias para o mercado de altas rendas cujo epicentro é o chamado “jardins” (assim, no plural, embora não haja nenhum bairro com esse nome). Não que o buraco seja mais embaixo. Ele é só mais longe.
Você sabe onde fica aquela feira que toda semana, há anos, os bolivianos e outros andinos fazem na cidade de São Paulo? Onde há espécies e variedades de batatas sobre as quais você nunca ouviu falar? Pois é.

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