25/11/2009

O mel: da medicina popular para a gastronomia

O brasileiro consome muito pouco mel. Apenas 61 gramas por ano em média. As classes de renda mais alta consomem 111 gramas, sendo que quem ganha até um salário mínimo consome 18 gramas. Uma colherinha. Mas o consumo rural tem a média de 154 gramas, sendo 130 adquiridas por meios não-monetários. Isso quer dizer que mel é coisa que se cultiva, mais do que se adquire por meios monetários.

Apesar da melicultura ter sido organizada no Brasil a partir de 1839, com a introdução das abelhas européias Apis mellifera L. e, posteriormente, com a introdução das abelhas africanas Apis mellifera scutellata em 1956, o hábito de se consumir mel não se propagou pela população.

Em geral o consumidor de mel o consome menos de uma vez a cada seis meses. Por que é assim? Muito provavelmente porque, para o brasileiro, o produto é compreendido como remédio, não como uma fonte de prazer gastronômico.

As populações indígenas consmem mel com mais gosto, ao que parece. E isso passou para as populações mestiças. Saint-Hilaire se refere ao hábito de se consumir mel com coalhada, como primeira refeição, nos pousos de tropeiros pelo interior de São Paulo e Minas Gerais.

Mas com a organização dos serviços de inspeção sanitária animal, o mel das abelhas nativas sequer foi classificado como “mel”, por apresentar teor de água superior à medida apta para o mel da Apis mellifera. Sempre o SIF se interpondo de modo destrutivo entre a gastronomia e o seu mercado!

Por isso vivemos o estágio pré-gastronômico do mel. E com o objetivo de transpor a barreira da medicina popular, os meles serão apresentados amanhã, em degustação comparativa, na Escola Wilma Kövesi para chefes de cozinha, jornalistas e interessados. Estaremos lá, Roberto Smeraldi, Janaina Fidalgo e eu, para conversas em torno do mel.

Fornecerão os meles a serem degustados:

Casa do Mel – www.casadomel.com.br
Rodovia Armando Salles Junior, 2744 – KM, 29,5 – Itapecerica da Serra
Tel: 11 - 4667-6121
Instituto Beapiru - www.peabiru.org.br
Rua Ó de Almeida, 1083 – Reduto – Belém – Pará - CEP: 66053-190
Tel: 91 - 35455152
Instituto Iraquara - www.institutoiraquara.org.br
Rua Marechal Dutra, 218 – - Boa Vista do Ramos – AM - CEP: 69195-000
Mel do Sol
Aguas Lindas de Goias – Fazenda Cachoeira s/n
Tel: 61-36185311

4 comentários:

Pat Feldman disse...

O melhor mel que se pode consumir é o que encontro na feira de orgânicos do Parque Água Branca, em São Paulo. Totalmente artesanal!

e-BocaLivre disse...

No caso, Pat, o que quer dizer "totalmente artesanal"?

Unknown disse...

Belo post Carlos !
Eu e minha família poderíamos consumir muito mais mel se tivéssemos sempre um fornecedor de confiança.
Situação que é difícil em São Paulo na minha opinião.
Costumo abastecer-me de um bom mel nas minhas andanças Brasil afora. Podendo comprar mel daquele matuto que vive disso...
E sem dúvida, mel com coalhada é muito bom para começar o dia !

Saudações,

Luiz Henrique

Mesa de Ana Teresa disse...

Olá Carlos.
Eu adoro mel e estou no grupo que consome mais do que 100g ao ano, aliás, potes vindos de Tibagi, no Paraná. Aqui em Curitiba havia a confeitaria Schaffer que introduziu a coalhada com mel e virou tradição na cidade. Mantenho esta tradição.
Um abraço
Ana Teresa
Se tiver interesse, visite meu blog: www.mesadeanateresa.blogspot.com

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