O Paladar traz como matéria de capa o que é e como usar os hashi; Comida traz o tema palpitante do “Dia dos namorados”. Me ocorreu que estes podiam se presentear com uns hashi bem bacanudos e matar o assunto! Mas não. Comida se desdobra para reinventar esse lugar comum comercial e ajudar os restaurantes a venderem mais nesse santo dia. Claro, como sempre bisbilhota uns casais-chefs: o que vocês vão cozinhar um para o outro? Aspecto quase interessante.
A matéria sobre o hashi é bem legal. Não se sabe a que veio, mas é legal. Melhor, como capa, do que aquela do matinho de calçada da semana passada. Senti falta de um dicionário que me traduzisse a diferença entre eles: waribashi, toribashi, zaibashi. Detalhes de etiqueta à mesa sempre úteis, como a informação de que sushi e oniguiri dispensam o uso do hashi. Espero que menos gente me olhe arrevesada quando pego meu sushi com os dedos.
Comida traz matéria sobre a “Pirâmide à brasileira”. Pirâmide nutricional: aquela que os médicos, após esculhambarem seus hábitos alimentares, empurram sobre a mesa, em copia xerox meio apagada, para que você apanhe. É um assunto bom, mas faltou dizer que muitos especialistas consideram essa invenção norte-americana um embuste; assim como a dieta mediterrânea que lhe serve de base. A versão brasileira devia dizer dos nossos alimentos mais consumidos, mas não diz. Quase não dá a palavra à sua “inventora” ou adaptadora: a professora da Usp, Sonia Philippi. Sai da leitura tão pouco informado quanto antes.
Outra reportagem de Comida: coxa-creme “criativa”. De pato. Alguém, algum dia, fará de peru ou avestruz. É só esperar.
Josimar Mello resenha o novo Rodeio. Vale a pena comparar com a resenha do Luiz Américo da semana passada. Muito se pode aprender, comparativamente, sobre o estilo dos dois críticos.
Matéria eco-responsável no Paladar sobre a pesca industrial predatória, segundo a visão do Slow Fish, braço pesqueiro do Slow Food. Curta e grossa, chamando a atenção para a crescente valorização política do assunto.
Vinhos. Patricia Jota, a substituta do Jorge Carrara, apresenta o viognier uruguaio da Pisano. E o Ensaios, da portuguesa Filipa Pato, que parou de “ensaiar” e está lançando outros rótulos em substituição. Espero que a cacofonia continue boa. Posso estar errado, mas me parece que esse vinho é importado pela Casa Flora, embora a moça indique o Empório Mercantil para comprarmos. Deve ter suas razões, que desconhecemos. LuiZ Horta resenha o Amayana, trazido pela Mistral. Nos dá também a dica de uma livraria especializada em vinhos. Só esquece de dizer que ela é de propriedade de Alexandra Corvo, o que faz uma bruta diferença nessa época de "curadores" de tudo.
Paladar dá noticia do novo livro de Vitor Sobral, que anda pelo Brasil. Deve ser interessante, apesar de deitar palavras contra a "cozinha molecular" - o que é totalmente desnecessário, logo se vê. E parece que agora vai MESMO inagurar da sua Tasca da Esquina por aqui.
A crônica da Nina Horta de hoje, sobre os penetras de coquetel, está impagável. Lembrei-se de um bando de colegas, nos primeiros anos de faculdade, que nos especializamos em vernissages. Éramos quatro ou cinco e íamos de penetras a duas ou três por mês. Sabiamos classificar as galerias pela qualidade dos canapés e bebidas. Era uma época na qual se servia até uísque - nada a ver com esses vinhos brancos chechelentos de hoje.
Nos sentíamos a encarnação dos cronópios de J. Cortázar. Ao menos serviu para despertar interesse pelas artes plásticas, afora a emoção transgressora de cada evento. Quem não foi penetra ao menos de uma noite de autógrafos ou vernissage que atire o primeiro canapé!
09/06/2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Um brnde - seguido de canapés, claro! - pela boa leitura que nos oferece.
Se alguém olhar estranho quando uso os dedos, sempre penso a mesma coisa: fuck'em. Mas isso é raro comigo. Devido ao meu fenóptico, as pessoas pessam que sou expert em sushi.
Postar um comentário