29/08/2011
Questi italiani!
Não sou muito de festivais, confesso. Mas não poderia deixar de atender ao convite das amigas organizadoras da produção gastronomica (Joana Munné, Fernanda Cunha e Veridiana Mott) do XIV Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes. E valeu muito a pena!
A primeira satisfação foi participar de uma mesa redonda, gratuita, sobre as tendências da gastronomia moderna, com o jornalista italiano Paolo Marchi, cuja foto aparece aqui.
O simpático Paolo se desdobrou o tempo todo para falar um idioma compreensível pelos interlocutores, num misto de espanhol, italiano e inglês. E me pareceu um homem que, se não comeu de tudo, está próximo a fazê-lo. Até ovo empanado em bar de estrada eu o vi provar.
Paolo Marchi é autor de um guia de restaurantes de autor, relativo à Itália, Europa e “Mundo”. Nesse mundão, em São Paulo, aparecem o DOM e o Maní. O guia se chama Identitá Golose e, de fato, é bem interessante. Feito por mais de uma dezena de especialistas, busca, de uma ótica italiana, o que de melhor há no mundo que possa ser chamado de “cozinha autoral”.
Um bom exemplo prático desses escolhidos pelo guia Identitá Golose foi o jantar do italiano Roberto Cerea, intitulado “O porco na passarela”. Chef 3 estrelas Michelin, comanda com seu irmão o restaurante Da Vittorio. Um jantar impecável, apesar de 130 comensais, e todo baseado em porco. Preparações simples, clássicas, com rigor técnico raramente vistos em circunstâncias assim. Menu: croccanti di testina all´agrodolce, limone e menta; pasta e fagioli; risotto allo zafferano con crostine stufate; ventresca di maialino orvietano spinacino novello all´uvetta, zuppa di pane.
O que aparece em copo, na foto, é a versão Cerea do pasta e fagioli. A seguir, o porco sobre zuppa di pane: simples e sensacional!
Durante todos os dias que estive em Tiradentes, a dieta foi à base de porco. Em versões mineiras e italianas. Dá o que pensar essa identidade gulosa.
A única coisa desagradável no Festival foi ter que escolher entre coisas boas. O jantar de Roberto Cerea coincidia em horário com o de José Barattino, e também com o show de Ed Motta, na praça da cidade. Como Ed Motta é um gourmand, deve ter mordido o microfone de raiva.
Outro evento do qual participei foi uma breve palestra, também gratuita, sob o título “A defesa do queijo de leite cru nacional com argumentos estrangeiros”, que fica para próximo comentário.
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