¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombras de la tarde!"
Assim Garcia Lorca cantava a morte do toureiro Ignacio Sánches Mejías, carregando nas cores da hora da morte.
E as nove da noite nós podemos cantar a morte da hospitalidade. Nesse momento, todos os donos de restaurantes fecham a cara e os ouvidos. Terrível nove da noite! Os garçons, de olho na gorjeta, vacilam. Terrível nove da noite! Todos os manobristas suspiram aliviados.
Todo mundo está exausto e a tolerância com o cliente chegou ao fim. Dali em diante, no va más! Quem veio, veio; quem não veio que se dane.
Se danar é perambular pela cidade, de restaurante em restaurante, perguntando ao manobrista ou recepcionista: “está cheio, tem espera?” Se danar é acreditar na resposta que ele dá: “só uns minutinhos...”. Se danar é garimpar um prato de comida, abrir mão de todo desejo previamente construído e se contentar com a sorte.
Os sites de reservas de restaurante estão ai. O Zuppa, o Tablespots, por exemplo. Tablespot até associa descontos à marcação de horário através do site. Mas numa simples pesquisa você constata, no Zuppa, que 48 restaurantes aceitam reservas até as 9 horas; somente 21 até as 9:30hs e apenas 13 até as 22hs.
Nós sabemos que, até as 9hs, tirante poucas casas, como Le Jazz, não estão lotados. É chegar e encontrar lugar. Então, para que reservar? Dai em diante a coisa pega; quando deixam de aceitar reservas!
Todos sabemos que a prática é totalmente irracional. Afinal de contas, quando mais tarde forem as reservas maior a chance do estabelecimento bem gerenciar a demanda, diminuindo filas e aumentando a produtividade.
Mas os donos de restaurante dizem que brasileiros são indisciplinados, não chegam no horário e brigam porque a casa não manteve a reserva para o retardatário. Pela falta de pontualidade de uns, os que se dispõem à pontualidade perdem a possibilidade de usar desse serviço civilizado.
Sem dúvida há que se investir na mudança de hábito. E especialmente os restaurantes que lotam cedo tem cacife para fazê-lo. Não deviam fraquejar; deviam apostar na disciplina do cliente no médio prazo. Quinze minutos de tolerância, digamos. Depois, que o cliente se dane mesmo. Ao menos teve uma chance de uma convivência mais saudável numa cidade tão indisciplinada no trânsito, nas normas de conduta coletiva, na pontualidade.
Buenos Aires consegue - e o brasileiro sempre acha que o argentino é mais "folgado" - por que não conseguiríamos?
30/10/2011
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1 comentários:
NY também consegue. De 15 em 15 minutos das 17h até o fechamento. Sabe porque não conseguiremos, porque somos ainda muito amadores e estamos acostumados a ser maltratados nas filas dos bancos, dos restaurantes, dos aeroportos, dos cartórios....
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