06/05/2013

Uma nova sobremesa para o podium


É muito difícil que algo verdadeiramente novo aconteça no domínio da pâtisserie. Mas às  vezes acontece. Pois Helena Rizzo apresentou uma sobremesa, no 7º Paladar, toda feita a partir do lírio-do-brejo (Hedychium coronarium). Trata-se de uma planta perene, originária da Índia, muito bem adaptada ao Brasil. Às vezes é considerada “praga”. 
Pois quem chamou a atenção dela para essa planta foi Valdely Kinupp, o cientista que o C5 - Centro de Cultura Culinária Camara Cascudo trouxe para um workshop com cozinheiros, totalmente centrado nas plantas alimentares não-convencionais.

Helena preparou um creme pâtissier com a raíz da planta, apresentando-o entremeado por cubinhos de massa folhada feita por Fernanda Valdívia, tendo ao lado um sorbet feito com as pétalas da flor do lírio, também utilizadas desidratadas como decoração do prato.



O resultado não poderia ser melhor! Como a própria Helena diz, o lírio do brejo remete muito ao jasmim, e a raiz um tanto ao gengibre e à cúrcuma”, resultando num equilíbrio de sensações variadas que se sucedem na nossa percepção, surpreendentemente originados de uma mesma planta. Claro, sem qualquer deslize no açúcar - o que seria imperdoável para uma profissional como ela. 

E, por um instante, a frase exagerada que Hervé This repete (a descoberta de um novo prato é mais importante para a humanidade do que a descoberta de uma nova estrela) parece fazer sentido.

Do meu ponto de vista, é uma sobremesa que forma, com o Babá au cachaça e baba de moça, do Dalva & Dito, no conjunto das melhores coisas que se pode esperar para finalizar uma refeição. Além disso, indica a justeza do caminho de pesquisas que o C5 pretende ver, cada vez mais, no coração do trabalho culinário daqueles que buscam a consolidação de uma cozinha brasileira renovada.

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