26/08/2013

Meliponíneos, doces bichos


São animais das tribos Meliponini e Trigonini, reunindo vários generos e espécies. O estudioso Paulo Nogueira-Neto, o maior especialista acadêmico em meliponíneos, escreveu um verdadeiro tratado sobre eles, inclusive como criá-los, que se encontra disponivel gratuitamente.

O descaso oficial por esses animais pode ser constatado na Agenda Estratégica para os produtos das abelhas, do Ministério da Agricultura, que não cita uma vez sequer esses méis de abelhas sem ferrão.

A ignorância e mesmo hostilidade oficial em relação a esses produtos fazem parte de um verdadeiro massacre cultural que, de modo geral, atingiu a quase totalidade dos bens culturais dos povos indígenas. 

Basta lembrar que a Apis mellifera só foi introduzida no Brasil em 1839 pelo Padre Antonio Carneiro, em colônias vindas do Porto, mas hoje o que entendemos como padrão de mel é exatamente o da Apis melifera, sendo os meles das abelhas nativas sem ferrão, milenares nos nossos ecossistemas, são considerados de “qualidade inferior”, especialmente por um maior teor de água que, inclusive, lhes rouba a possibilidade de enquadramento legal na categoria “mel”. O SIF, necessário para produtos de origem animal, é outra barreira, pois raramente dão seu selo para produção artesanal.


Por isso é de grande valor quando se encontra um produtor como o Ederson Holdizs, que levou 9 meles diferentes para degustação no Festival de Tiradentes. Ederson é proprietário do Néctar Nativo, de Guaraqueçaba, Paraná, e vende o mel sob encomenda feita através da sua própria página no FaceBook ou pelo e-mail jrnectarmel@hotmail.com

Os meles degustados, dos mais doces para os mais ácidos, foram: jatai, tubuna, uruçu, tujumirim, guaraipo, mandaçaia, manduri, borá - todos com o aroma forte e característico do ferormônio de cada espécie.

Fez parte da marginalidade dessas abelhas o serem consideradas produtoras de meles apenas com propriedades medicinais. Mas agora surgem com maior vigor para uma plateia interessada na sua exploração gastronomica. Manu Buffara, de Curitiba, é uma chef que já vem trabalhando com esses meles nativos de Guaraqueçaba, num trabalho pioneiro que, espera-se, crie escola.



2 comentários:

Jan disse...

Dória, tem este outro livro também muito bom, que pode ser baixado gratuitamente, do Jerônimo Villas-Bôas: http://www.ispn.org.br/arquivos/mel008_31.pdf

Beijo,

Janaina

e-BocaLivre disse...

Pois bibliografia de qualidade não falta, Janaina!

Postar um comentário