16/11/2013

O mercado dos compadres II


Já reclamei disso aqui, mas não adianta. Entra ano, sai ano, é a mesma coisa: a foto que se vê é do mercado de Pinheiros, que escorrega lentamente para a sua destruição.




Desde o ano passado a pastelaria lá instalada ocupa, com mesinhas, a área de estacionamento. E se comparar os dois posts, verá que as mesinhas até melhoraram! Talvez já se sintam "permanentes"... Hoje aconteceu de não haver vagas para estacionar. Fiquei esperando uma por cerca de 15 minutos. Enquanto isso, a pastelaria exibia tranquilamente seu privilégio: a invasão de área (aliás, sem uso por clientes).

Sim, claro, reclamei com o proprietário de um box, como já havia feito algumas vezes. E ele foi bem claro:

“Sabe o que acontece? Nessa nova administração da prefeitura estamos sem padrinho. Antigamente vinham aqui muitos vereadores e deputados e quando a gente precisava de alguma coisa - como tirar essas mesas do lugar onde os fregueses estacionam - era só falar com eles. Agora, eles sumiram. Se a gente fala diretamente com a administração aqui do mercado, sofremos represálias. Vem em seguida a fiscalização disso, daquilo, é uma perturbação. Então todo mundo fica quieto... Imaginamos que o Matarazzo seria o nosso padrinho. Mas depois das eleições, sumiu. Nunca mais veio aqui. Estamos sem padrinhos. Agora, se o senhor reclamar pessoalmente, pode ser que seja atendido. Faça esse favor para nós”.


Quer dizer, se não há padrinho a administração pública é anti-público. A mediação de padrinhos cria o ciclo de prestações e contra-prestações de favores. Até o cliente pode se habilitar a ser “padrinho”. Isso é que é democracia! Só um alemão, como Max Weber, poderia imaginar que a regra da impessoalidade e “a vontade de obedecer” se sobreporiam ao compadrio...

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