10/02/2014

O intelectual da feijoada

Morreu Renato Pompeu, escritor de mão cheia, autor do romance Quatro olhos (1976). Ele escreveu também um opusculo chamado  A dialética da feijoada (São Paulo, Vértice, 1986). Livrinho genial por questionar um dos mitos nacionais. “A feijoada pode nos aparecer como totalidade, como unidade idêntica a si mesma; no entanto ela pode nos aparecer também como reunião casual de coisas disparatadas”.

De modo sintético, ele nos explicou: “repelida no campo, onde o prato festivo é o churrasco, a feijoada se afirmou como prato nacional-popular através do triunfo do capital industrial [...] tendo sido incorporada como bandeira de afirmação nacional pelos intelectuais urbanos, porta-vozes da afirmação do Brasil como nação. Assim é que, consagrada como prato nacional-popular no triângulo Rio-São Paulo-Minas, onde se aglutinava a intelectualidade influenciada pela industrialização, a feijoada teve e ainda tem de enfrentar outros pratos simbólicos, nas outras regiões do país, de modo que a sua afirmação como prato nacional-popular tem de ser considerada ainda um processo em andamento e não um fato acabado”.


0 comentários:

Postar um comentário