16/04/2014

Franceses, belga & bolivarianos em São Paulo


Comida resolveu fazer um balanço da influência dos chefs estrangeiros no Brasil. Força a barra um tanto para inventar um assunto. Mas Josimar, em contraponto, põe pingos nos “iis”.

O que vale na matéria é que não esquece de citar um “pioneiro” da nouvelle cuisine sempre esquecido, visto que hoje já não tem restaurante: Quentin Geenen de Saint Maur.

Quentin é autor de um dos melhores livros de cozinha brasileira renovada: Muito prazer, Brasil. Livro que todo chef, chefinho ou chefete que pretenda escrever algo sobre a culinária brasileira deveria ler antes de tudo. Não se pode pretender menos do que aquilo, depois que um belga escreveu sobre nossa culinária, deixando registro das suas receitas criativas. É um must.

Esse chefinho-escritor hipotético deve também ler a crônica da Nina Horta de hoje, que aborda, entre outros temas, a bobagem que é a autoria de receitas e, consequentemente, a discussão sobre “plágio” de receitas.

Ninguém cria nada num sentido absoluto e, quando colocamos a mão na massa, transformamos qualquer “receita”. A cultura é um bem comum, não tem autoria individualizada. Você já imaginou se Guimarães Rosa houvesse patenteado os neologismos de Grande sertão: veredas? Não faz sentido, não é? Então, deixemos de bobagens com receitas.

E a matéria de Comida sobre os chefs estrangeiros deixa escapar exatamente os novos idiomas que São Paulo começa a falar. Destaco o que já chamei de “cozinha bolivariana”. Em que geração de “chefs” ela está? Ou bolivianos ainda não atingiram o “estágio” de possuir “chefs”? Decididamente não vejo maior graça na Tailândia do que na Colombia, Bolívia ou Peru. Tome nota: "cozinha bolivariana”.

Bom seria se Comida se dedicasse a explorar o desafio que Maria Sylvia de Carvalho Franco lançou no Tendência/Debates de 14 de abril. Num artigo sobre “Violências” ela enumera suas várias formas e me larga essa: “o lobby gastronômico mundial impõe a autocracia do chef e a tagarelice do pseudoenólogo, fixando preços fantásticos a simulacros de alimentos”. A cultura autoritária movida pelo princípio do lucro. Que tal, Comida, pensar em discutir isso?


1 comentários:

Quentin Geenen de Saint Maur disse...

Me perguntei por onde vc estava andando ou melhor sumido textualmente.Fazia tempo que vc não alimentava seu blog, mas agora voltou e como!
Merci!
Gastronomicalement,
Quentin

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