A invenção do garfo é melhor documentada do que a da colher. Ele é bizantino, chega na Europa por Veneza, a partir do século XI, de maneira conflituosa, pois encontra a resistência daqueles que acham que a comida, dada por Deus, não era para ser espetada. O clero, porém, aceita utiliza-lo lá por 1620.
Primeiro são os garfos de 2 dentes; depois, no começo do XIX, surge o garfo de 3 dentes e, depois ainda, o de quatro dentes e os talheres de peixe.
A trajetória da colher é diferente. Surge antes do garfo - embora depois da faca - e evolui de um objeto que é a concha de moluscos utilizada para levar à boca os caldos. Feita também de pedra, osso ou madeira, só mais tarde fixa-se em metal.
Em Portugal se utiliza garfo já no século XV - o uso conjunto de garfo e faca existe ao tempo de D. João III.
Seguramente no Brasil a difusão dos talheres se deu de modo diferente. Ainda hoje, entre a população rural, e mesmo entre certos trabalhadores urbanos, é bem comum o uso da colher onde as classes altas utilizariam o garfo. “Ainda come de colher” é forma de se designar a condição de criança.
Vida e morte do bandeirante (de Alcântara Machado) registra a presença da colher e da faca nos sertões, onde “falta” o garfo.
Além da curiosidade histórica, a colher deve ter influenciado o próprio desenvolvimento culinário. A forte presença do “picadinho” ( de carne, de legumes) em nossa cozinha deve ter alguma relação com “comer de colher”. Os pirões, os mingaus, idem. Quando se serve a “mocofava” no restaurante Mocotó é uma evocação histórica desse tipo que vem à mesa.
30/05/2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário