24/05/2015

Modernos fascistinhas

Que um camarada qualquer expresse sua opinião, exponha sua teologia pessoal, tudo bem; mas que procure estigmatizar seus adversários, apresentando-os à opinião pública como “egoistas”, “cruéis”, “egocêntricos”, portadores de “transtorno moral” já é um excesso inaceitável. É o que fez ontem na Folha de São Paulo um certo Frank Alarcón, que se apresenta como biólogo e coordenador no Brasil da ONG Cruelty Free International.

Como se vê, às vezes a estupidez não tem fronteiras. Na sua teologia, é pecado “obrigar animais enclausurados a uma alimentação forçada”, como se eles tivessem vontade, além dos instintos. Pois se fosse um biólogo mais aplicado, saberia que os animais tem apenas instintos, e que a domesticação é o que os contraria. Saberia também que se nós mesmos não contrariássemos nossos próprios instintos, não seríamos homo sapiens sapiens. A civilização é a superação dos instintos, sua adequação aos fins humanos. Mas, na sua teologia, continua: “para os reféns do paladar, animais não são dignos de consideração moral. Assim como coisas”. Sim, senhor Alarcón, os animais são coisas vivas. Desde Darwin se sabe tudo isso.

É preciso trata-los mal? Não, mas é preciso matá-los, sem dúvida, se quisermos manter o nosso padrão civilizacional que se constrói há mais de 40 mil anos. 

“O sofrimento animal transcende o momento de seu assassinato?” Assassinato é algo que a tradição ou o Estado define como tirar a vida de um ser humano. Antes de falar em “assassinato” animal seria necessário dotá-los de cidadania, de “alma” ou coisa assim. Um biólogo não pode achar que esse argumento proceda.

“Tristes são os tempos em que deve ser a força da lei, e não a sensatez, quem governa nossas ações”. Sr. Alarcón, esta é a condição da vida civilizada: que a lei nos defenda da sensatez dos insensatos, como os que acham que a “resistências a essa proibição são sintomas sérios de transtorno moral maior”.

Que o senhor fique com sua moral animal, e não toque no foie gras de ninguém. Violar a ordem democrática, onde as leis regulam a relação entre os homens, por apego religioso a coisas da natureza, é algo que, por intolerante, beira o fascismo.

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