29/07/2009
Sobre a caprese e sua deliciosa vulgaridade
É engraçado. A salada caprese se tornou uma vulgaridade. Descolou-se da tradição italiana e, hoje, até restaurante com sotaque francês tem. Sem falar nos “kilos” que arremedam alguma coisa parecida. Vai pelos caminhos do carpaccio.
Dizer que ela depende da qualidade do tomate, da mussarela de búfala, do azeite de oliva e de manjericão é dizer pouco. É como a música Garota de Ipanema. Uma vulgaridade que, de tão conhecida, depende totalmente do intérprete para agrandar-se e tomar de assalto a alma.
Taí algo que pode dar dignidade aos concursos. Em vez de ficar fazendo essas brincadeiras excludentes (o melhor restaurante, o melhor chef, o melhor sei-lá-o-quê) seria mais útil concursos pontuais: a melhor caprese, o melhor carpaccio, o melhor pão de couvert, a melhor toalha de mesa, etc). Ao menos todos os chefs ficariam de olho nessas coisas que, até para eles, em geral passam batidas.
O meu voto é simples, no caso da caprese. Voto no Picchi. A caprese da foto mostra a fatia de um belo tomate morno, levemente fondant, um pesto equilibrado, uma ótima mussarela de búfala (certamente da Buffalina), um bom azeite e uma tapenade decorativa. No conjunto, dá vontade de comer de novo. Várias vezes.
Não é aquela coisa sem desejo, tipo: “Ah, não quero nada. Estou sem fome. Acho que vou de caprese”.
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