22/08/2009

O novo estranho caminho de Santiago - I

Carlos Alberto Dória
Pedro Martinelli (fotos)

Você está em Madri. Pouco importa que seu vôo saiu com cinco horas de atraso. Pouco importa mesmo, porque você dormiu, já se recuperou e, como num sonho, está na capital de um dos mais poderosos impérios do mundo. De um mundo passado, é certo. Porque, agora, se apresenta como um país moderno, que se quer competitivo e com grande dose de charme.

As ruas pululam de turistas. Gente que veio de toda parte. Talvez alguns nem saibam bem onde estão, pois vieram naqueles pacotes que, tal e qual uma maratona, param numas cinco cidades européias e, se não fossem os souvenires, ninguém distinguiria um país do outro, um hotel do outro. Tudo mais ou menos igual, se não fosse aquele cinzeiro cinzelado em Toledo...

Ah! Mas tudo isso é um pesadelo! Gente se acotovelando na Plaza del Sol, nas ruelas onde os africanos, os orientais, vendem toda sorte de geringonzas (você nem sabia que essa palavras designava, no século XV espanhol, justamente o que os mouros e ciganos vendiam nas feiras enquanto os reis católicos expulsavam os judeus, não é mesmo?). E tem o corre-corre quando a polícia chega. É assim há 600 anos! O estreito de Gibraltar é muito estreito! E tudo tem esse jeitão de 600 anos, mesmo quando parece ultramoderno, ao som do Concierto de Aranjuez, tocado em flautas bolivianas, cortando a noite numa lamúria que não quer silenciar.

Essa parada é passageira. Você vai à Rioja, no coração da Espanha do vinho. Vai colocar em prática tudo o que aprendeu nos cursos de degustação e, se Deus quiser, aprender mais. Mas o que fazer nesses dois ou três dias em Madri, se você já esteve ano Museu do Prado, no Monastério de las Descalzas Reales etc, etc? Pois então pode relaxar e se entregar à cidade, pois nem tudo é mero cenário para turistas.
(Segue. Próximo capítulo na segunda-feira).

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