03/06/2010
A bottarga logo ali
Há apenas dois meses a empresa era totalmente desconhecida. Uma discreta e eficiente campanha de marketing e hoje seu produto já se acha no Santa Luzia e nalguns poucos restaurantes. Assim é o pioneirismo, vai no pouco-a-pouco, boca a boca.
Em Itajaí, pouco mais de 100 quilômetros de Florianópolis, respira-se peixe. Especialmente tainha. E era natural que a tainha atraísse as atenções internacionais, especialmente para as suas disputadas ovas, das quais se faz a melhor bottarga. Anualmente, o que se vê por ali é um leilão internacional. Os italianos vêm comprar ovas de tainha, levando-as para a Itália e preparando a “bottarga italiana” tradicional. Como se fossem os herdeiros universais dos fenícios, que já as consumiam.
Na época, entre maio de julho, compra-se as ovas ainda na barriga da tainha. Diretamente do pescador, por telefone. Deposita-se o dinheiro e recebe-se as ovas, que equivalem aproximadamente a 3% do peso total do pescado capturado (incluindo machos e fêmeas).
E Cassiano Ricardo Fuck, de família com tradição na pesca regional, inclusive exportação de peixes, de tanto ver essas coisas, teve um estalo: por que, em vez de exportar ovas, não fazer bottarga? Aliás, um estalo ajudado por um amigo italiano, quando Cassiano viajava pela Sardenha.
O estalo sardo de Cassiano deu no que deu: uma fabriqueta muito bem cuidada, e um parceiro, o jovem Sergio Arins, que entende tudo de como transformar a ova de tainha nessa maravilha que é a bottarga dourada, delicada no aroma e sabor.
A turma do Sebrae chama esse tipo de gente de “empreendedores”. Na verdade é gente com garra, que não recua diante da infinidade de dificuldades que é fazer uma pequena indústria artesanal no Brasil, com ou sem ajuda do Sebrae.
O produto do Cassiano e do Sergio é de primeiríssima. Com o sabor ainda na boca, semana que vem comerei, para comparar, a bottarga do Petrossian, em Paris. A tal mania da degustação.
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