11/03/2009

Comida de rua



A “comida de rua” é um dos fenômenos alimentares mais interessantes do Brasil atual. Entre 1996 e 2003, o item “sanduíches, lanches e salgados” cresceu de 3,3% para 6,2% do total de despesas feitas com alimentação fora do domicilio. Como são refeições baratas, é gente pra burro!
Na esteira desse processo, as padarias cresceram 25% e se transformaram: vai longe o período onde vendiam principalmente pão. Hoje vendem “lanches” e uma mistura química à qual acrescentam água e chamam de “pão”.
Mas o “lanche” ganhou as ruas também. Qualquer boca de metrô, ponto de ônibus, rua de intenso comércio popular, proximidades de estádio de futebol, tem lá seus estabelecimentos móveis de alimentação. Em geral velhas kombis adaptadas.
Sanduíches de todo tipo, com todo tipo de molho; yakisoba; churrasquinho; fatias de abacaxi ou melancia; água de coco; queijo minas artesanal vindo da Serra da Canastra ou Araxá; uma infinidade de produtos do gosto popular.
Este grande restaurante a céu aberto sofre todo tipo de perseguição das autoridades municipais. Nem por isso desaparece. O que é solução de vida de uma enormidade de trabalhadores não pode mesmo desaparecer. Resiste, muda de forma, de estratégia, e persiste.
Na época de pequi, quando quero comprá-lo, procuro nas imediações das estações de metrô. Nelas se encontram vendedores de pequi, de mandioca e de outros produtos que compõem a dieta popular. São exibidos sobre aqueles carrinhos de pedreiro, numa simbologia inequívoca para quem é do povão, isto é, gente que num dia "puxa o cimento" e, noutro, a mandioca ou o pequi. São produtos fresquinhos, de boa qualidade – o que nem sempre se encontra nos estabelecimentos formalizados, como supermercados e sacolões.
Nos quiosques improvisados e kombis ou brasilias desmilinguindo, como em toda instituição alimentar, há dos bons e dos piores; os limpinhos e os fedorentos. Que falta faz um guia desses camelôs de alimentos! Seria um serviço público inestimável, além de traçar uma cidade mais real.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ô, a gente sem essas barraquinhas... merecia uma etnografia, mesclando a casa e a rua de Roberto da Matta. :)

Jan disse...

Vamos fazer um?
J.

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