
Nele, descreve-se o mundo pré-agricola, anterior à domesticação e cultivo de plantas em larga escala que impulsionaram a civilização a partir do Neolítico (cerca de 10 mil anos antes do presente).
Em vários artigos, inclusive sobre as Américas, os povos primitivos aparecem praticando formas de manejo florestal que indicavam a domesticação de espécies vegetais sem, necessariamente, constituírem amplos cultivos homogêneos.
Muito disso já se sabia, inclusive por conta de pesquisas levadas a efeito por décadas pelos cientistas do Museu Goeldi.
Mas o fato de uma publicação dessa importância (que, por sinal, faz 50 anos) se ocupar do tema indica que, definitivamente, o conceito de “mata virgem” foi para o saco. Muito do que conhecemos por frutas silvestres será revisto, destacando-se o silencioso trabalho humano de seleção e melhoria delas ao longo de milênios. Enfim, a história da seleção artificial não começou com a Monsanto.
E há aspectos políticos e comerciais implicados nessas descobertas. Se a Monsanto registra um desenvolvimento genético qualquer, se torna uma patente sua e ganha uma baba de grana. Por outro lado, esse trabalho milenar dos nativos das Américas aparecia aos nossos olhos como "mata virgem", isto é, como se fosse o conjunto de atributos naturais das plantas, portanto desprovidos de aplicação de inteligência humana. Dois pesos, duas medidas.
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