09/10/2009

O conde da floresta

A “língua do Brasil” era, até o século XIX, a língua-geral, o nhengatu, falado pela população interior (Amazonas, São Paulo, colonias guaranis no sul, etc). A sistematização dessa língua se deu em raros momentos, como na obra de Ermano Stradelli, o conde italiano que aportou na Amazônia no último quartel do século XIX, trazido pelos influxos do ciclo da borracha.

Ele escreveu o monumental Vocabulário Nhengatu-portugues/Portugues-nhengatu, publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro no ano de 1926, que foi quando morreu. Teodoro Sampaio, em seu parecer para a publicação do trabalho, afirma que Stradelli “inventou” palavras que não existiram, criou neologismos em nhengatu.

Mas o livro é fundamental para conhecermos um pouco da cultura Amazônica, especialmente da sua culinária. O verbete sobre o tucupi é o melhor que se pode encontrar sobre o tema em nossa literatura.
Publicou também “A lenda do Jupari”, além de textos em italiano que agora aparecem juntos, em português, no livro cuja capa aqui se vê.

Stradelli é a fonte número um de Câmara Cascudo sobre a culinária e o folclore amazônicos. Ele era fissurado pelo conde, tendo escrito seu elogio, intitulado “Em memória de Stradelli”, publicado a última vez em 2001.

Stradelli também esteve na cerimônia de assentamento da pedra fundamental do Teatro da Paz, em Belém. Viveu na Amazônia por 43 anos, indo às vezes à Itália; inclusive para concluir um curso de direito e voltar para trabalhar como advogado dos pobres.

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