26/05/2010

As emoções imperfeitas diante do prato

Uma coisa é a culinária, a gastronomia; outra, a apropriação que a imprensa faz dela. O objetivo é ampliar o número de leitores e poucas são as pesquisas que, objetivamente, dizem dos interesses dos leitores. Então, tudo é suposto. Comida de torcedor de futebol, por exemplo. A emoção vem do campo, não dessas panelas.

Houve a época das receitas, a dos ingredientes, e, agora, o confronto de soluções étnicas para coisas muito assemelhadas: caponata ou ratatouille? A introdução do vocabulário bélico na gastronomia, como bem observaram.

A crítica literária, a crítica musical, de artes plásticas, todas tem seus modismos, muito bem fundamentados teoricamente. Mas a critica gastronômica não tem teoria. Por isso, vive escorregando, viajando ao sabor de sabe-se lá que ventos.

A impressão que tenho é que a descrição da alimentação vai criando uma certa monotonia no leitor. Daí, os jornais e revistas procuram criar emoções extra-culinária, envolver o leitor em narrativas nem sempre felizes. O modo de narrar ou descrever a alimentação diz muito dos narradores ou descritores e pouco dos objetos de sua atenção.

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