19/05/2010

Porcofilia e porcofobia

Meu ensaio sobre o "Elogio do torresminho" encontra-se na Trópico. Uma análise da cultura anoréxica que condena o prazer do consumo da carne de porco.

1 comentários:

Claudia disse...

Dória,

Lindo ensaio.

Aposto que o uso do suíno é resultado do processo globalizante onde o porco seria apenas o bicho em si e suína a fazenda e a carne. Aqui gris é o animal e svin é a carne e a fazenda, assim como em outras línguas.


Mas onde eu vivo o porco é o rei, a comida principal. No natal nórdico a tradição é decorar a casa com porcos de palha e dar de presente bombons de chocolate e de marzipã em forma porco. Coisa bem pagã pois onde já se viu nesta cristandade usar o porco como símbolo de fartura e de vida??

De fachada luterana, esses escandinavos mantém uma dieta estritamente medieval pré-cristã a base do porco. Aqui em casa, em função da cultura do lugar, acho que 75% das carnes que eu sirvo são de porco e 25% são peixes, boi "não existe". Mas aqui neste extremo norte do planeta o peixe é para exportação e a carne de porco é a carne real (além do arenque em picles, claro).

Engraçado como aqui o porco é símbolo de carne saudável e de leveza. São as carnes mais magras, recomendadas pelo ministério da saúde com o carimbo do "coração verde" de carne saudável, além de serem quase sempre mais baratas. A única carne moída com carimbo do coração verde, de alimento magro, é a carne de porco.

Nas festas de final de ano os "ricos", que são poucos pois aqui todo mundo é igual, comem carneiro, carne cara e importada, mas o prato do povo é a costela de porco. A nova geração há muito deixou para trás o lutefisk do natal, bacalhau preparado com soda cáustica, mas isso é outra coisa.

Fiquei pensando naquele seu artigo do Noma como recusa ao domínio da dieta mediterrânea e penso, sem saber, que o Rene deve servir um bom porco pois a Dinamarca é a grande produtora/comedora de porcos. Mas talvez ele priorize os peixes selvagens...

Tamos aí,

C.

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