30/10/2011

¡Ay qué terribles nueve de la noche!

¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombras de la tarde!"


Assim Garcia Lorca cantava a morte do toureiro Ignacio Sánches Mejías, carregando nas cores da hora da morte.

E as nove da noite nós podemos cantar a morte da hospitalidade. Nesse momento, todos os donos de restaurantes fecham a cara e os ouvidos. Terrível nove da noite! Os garçons, de olho na gorjeta, vacilam. Terrível nove da noite! Todos os manobristas suspiram aliviados.

Todo mundo está exausto e a tolerância com o cliente chegou ao fim. Dali em diante, no va más! Quem veio, veio; quem não veio que se dane.

Se danar é perambular pela cidade, de restaurante em restaurante, perguntando ao manobrista ou recepcionista: “está cheio, tem espera?” Se danar é acreditar na resposta que ele dá: “só uns minutinhos...”. Se danar é garimpar um prato de comida, abrir mão de todo desejo previamente construído e se contentar com a sorte.

Os sites de reservas de restaurante estão ai. O Zuppa, o Tablespots, por exemplo. Tablespot até associa descontos à marcação de horário através do site. Mas numa simples pesquisa você constata, no Zuppa, que 48 restaurantes aceitam reservas até as 9 horas; somente 21 até as 9:30hs e apenas 13 até as 22hs.

Nós sabemos que, até as 9hs, tirante poucas casas, como Le Jazz, não estão lotados. É chegar e encontrar lugar. Então, para que reservar? Dai em diante a coisa pega; quando deixam de aceitar reservas!

Todos sabemos que a prática é totalmente irracional. Afinal de contas, quando mais tarde forem as reservas maior a chance do estabelecimento bem gerenciar a demanda, diminuindo filas e aumentando a produtividade.

Mas os donos de restaurante dizem que brasileiros são indisciplinados, não chegam no horário e brigam porque a casa não manteve a reserva para o retardatário. Pela falta de pontualidade de uns, os que se dispõem à pontualidade perdem a possibilidade de usar desse serviço civilizado.

Sem dúvida há que se investir na mudança de hábito. E especialmente os restaurantes que lotam cedo tem cacife para fazê-lo. Não deviam fraquejar; deviam apostar na disciplina do cliente no médio prazo. Quinze minutos de tolerância, digamos. Depois, que o cliente se dane mesmo. Ao menos teve uma chance de uma convivência mais saudável numa cidade tão indisciplinada no trânsito, nas normas de conduta coletiva, na pontualidade.

Buenos Aires consegue - e o brasileiro sempre acha que o argentino é mais "folgado" - por que não conseguiríamos?

1 comentários:

José Luiz disse...

NY também consegue. De 15 em 15 minutos das 17h até o fechamento. Sabe porque não conseguiremos, porque somos ainda muito amadores e estamos acostumados a ser maltratados nas filas dos bancos, dos restaurantes, dos aeroportos, dos cartórios....

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