21/11/2011

GASTRONOMIKA II



A direita venceu as eleições espanholas. Isso nos afeta ou afetará a todos, embora não saibamos ainda como afetará a gastronomia. Por isso a festa segue no Gastronomika como se nada houvera, embora o evento não esteja isento das manifestações políticas da própria gastronomia.

Ontem à noite, antes do coquetel de abertura, a apresentação solene do conselho curador do evento (time de primeira: Aduriz, Subijana, Arzak, Berasategui, Arbelaitz), ouviu-se de tudo: San Sebastián seria o eixo de articulação de uma gastronomia planetária; aqui se tem, integradas, várias formas de cozinha, de opções e de modelos e assim por diante.

Na verdade, o lugar que a gastronomia ocupa hoje faz dela não só um espetáculo mas também um palco espetaculoso para outras manifestações. E os nossos brasileiros não fugiram à regra.

Atala falou sobre como fazemos gastronomia na raça, sem um pingo de ajuda oficial; Roberta Sudbrack homenageou o pioneirismo de Claude Troisgos e de Alex Atala abrindo alas para a geração dela passar; e Helena Rizzo apresentou um poema:

Brasil...
País engraçado
Pulmão do capitalismo
Feliz! Subordinado!
Somos o indio. Somos o negro.
Inspiramos oriente. Expiramos ocidente.
Somos o conquistador e o conquistado.
O escravo e o carrasco.
Somos alienados!
Com tantas raízes, nos tornamos desenraizados...
Somos o rico e o pé rapado.
Viva a nossa natureza! Vivam os peixes nos aquários e as gazelas dos armários...
Pois então. Há solução?
Que se quebrem os aquários.
Que saiamos dos armários.
Que se escute o coração. Que sigamos a intuição.
Cozinhemos neste caldeirão.
Com frutas, especiarias, ervas e feijão.
Plantemos nossas esperanças, e enterremos nossa desilusão.
O samba é o passo do bebado.
O carnaval, nossa revolução.


Amanhã tem mais...

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