Entre altos e baixos, nessa semana Comida ficou no baixo: almôndegas industriais. Pouco importa o tema das almondegas - em moda nos EUA, as meatballs - e até valeria uma matéria sobre o fenômeno, ou sobre o The Meatball Shop, mas decidir qual é melhor, se as almôndegas da Sadia, Qualitá ou Aurora é de arrepiar.
A grande indústria está pouco se lixando para a qualidade gastronômica e, francamente, pouco importa qual a “melhor” almôndega industrial. Uma publicação que entrou na onda do hamburguer gourmet não deveria perder de vista que almôndegas são hamburgueres aredondados. Aliás, Luiza Fecarotta resenha um bom livro sobre hamburguer, a “padronização do sabor”. E por que essa bola toda (sem trocadilho) para a Sadia?
O caderno vale pela resenha de Nina Horta sobre o livro de Ferran Adrià (A refeição em família, Agir, 2012) - já comentado aqui - onde ela lança a justa indagação: para que serviu tanta inovação? “Esse livro é aquele que imaginaríamos que Adrià nunca escreveria”. O cara é mesmo surpreendente, e é um bom livro. Como FHC, parece nos dizer: “esqueça tudo o que escrevi”. Mas não é bem assim. Vale ler a resenha e o livro.
Mas Comida vale também pela matéria de Josimar Melo, que foi a Tokio acompanhar as peripécias do G 9, agora prometendo um livro que contará a história da cozinha, a ser editado pelo Basque Culinary Center.
Tive oportunidade de conhecer as instalações dessa instituição durante o último Gastronomika. É mesmo de cair o queixo ver como aquele povo leva o negócio-gastronomia a sério, sem fazer economias. E é muito bom que se metam a fazer um livro, preocupado com o ensino de gastronomia no mundo que ainda está preso à obra de Auguste Escoffier. De lá para cá, quanta coisa mudou!
Especialmente as técnicas estão a exigir um novo desenho do ensino culinário. Mas o livro anunciado promete ir além: as mudanças sociais; a evolução da cozinha nos últimos 50 anos; interdisciplinariedade da cozinha moderna; a relação do cozinheiro com a sociedade; as influencias da TI na cozinha, etc. Vamos torcer para que esse livro fique pronto o mais rapidamente possível.
Por fim, entrevista de Marília Miragaia com Alice Waters, capo do Slow Food, vale também ser lida. Porque pagar mais por alimentos de qualidade? Sempre uma boa questão.
Paladar, em sentido oposto ao industrialismo de Comida, prefere o artesanato do locavorismo paulistano: hortas urbanas. Discussão sobre a distância entre produção e consumo; rastreamento e vigilância sobre o que se come sob esse nome; o vinho contaminado pela ideologia locavorista; etc, etc. Belo relato de Neide Rigo sobre o milho paulista e seus usos.
Luiz Américo resenha churrascaria Varanda no Shopping JK. É bem cara.
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