02/12/2012

Jabá: hoje a ficha caiu


Quero a minha grana! Só hoje descobri o que é publipost. Consiste em citar, comentar produtos. Os sintomas de que você está no target da publicidade é ser convidado para participar de eventos, ganhar brindes e “receber entre R$ 500 e R$ 15 mil por uma opinião favorável a um produto”. Publipost é post pago e jabá. “Publipost é todo material pago veiculado em blogs como se fosse um post normal”.

Isso quer dizer que qualquer “post normal” é suspeito! Gostaria de saber o valor das minhas opiniões, pois até agora são gratuitas e podem esconder uma mina de ouro, se considerar a quantidade de e-mails que recebo de assessorias de imprensa sugerindo pautas. Mas nunca, nunca veio um pedido de número da conta bancária! Isso dói...

Diz a Folha, em matéria no caderno Mercado de hoje (“Blogs ganham até R$ 80 mil por elogios”): “Por causa do post pago, é possível ver blogueiros elogiando(...) restaurantes(...). Escrita em primeira pessoa, assemelha-se a um dica de amigo”. O blogueiro costuma escrever o texto para que o material não seja muito diferente dos textos normais do site. Há, porém, redatores publicitários especializados em imitar o estilo dos blogueiros - segue o jornal.

Para Vivian Whiteman, analista de moda, o que os blogs vendem é um lifestyle. “E, antes que os hipócritas tentem a solução fácil de apedrejar blogueiros, que fique claro: a moda não brota do chão, ela é uma construção e espelha com perfeição a mediocridade da vidinha de mercado”. E eu aqui, criticando quem usa leite condensado, Nutella, Miojo... esses lifestyle...

Nunca imaginei que a atividade fosse tão organizada, com agências e agenciadores no meio de campo. Quando via alguém degustando vinho não podia imaginar a boca torta. Nunca mais vou elogiar restaurantes, mesmo que goste muito, pois assim estou desvalorizando minha mina de ouro. Rodrigo, Alex, Helena Rizzo, Thiago Castanho, bye bye! Vou elogiar nada, na esperança de que, no médio prazo, o acumulo de críticas aumente o valor dos elogios. E vou me adiantar à tendência: estou estudando como cobrar o “curtir” no Instagram. Meu dedo não veio ao mundo para distribuir benesses, oras! 

16 comentários:

Anônimo disse...

Dória,
sensacional.
Infelizmente, esse mundo é complicado demais.
Resta-nos a ingenuidade, a ocasional pecha de bobos, mas, convenhamos, também nos restam a honestidade e o caráter. Melhor assim.
Abraços!

Alhos Passas e Maçãs
www.alhosepassas.wordpress.com

e-BocaLivre disse...

Pois, Alhos, o que me espanta é como essa ferramenta, inicialmente tão democrática, se descaraterizou (sem trocadilhos) em tão pouco tempo! Caráter, o atributo dos marginais...
Abraços!

raq disse...

muito, muito bom o post. e muito triste o que viraram os blogs.

Anônimo disse...

Eu diria que o Kinoshita está te devendo, no mínimo, um almoço grátis.

e-BocaLivre disse...

Raq, a hora Kinoshita é de solidariedade em retribuição ao bem que faz à gastronomia provinciana, apesar da polícia.

Anônimo disse...

em muitos blogs os únicos posts com relativa credibilidade estão virando o que falam de restaurante estrangeiros! até porque não imagino algum dono de restaurante dinamarquês querendo pagar jornalista brasileiro

Unknown disse...

Se a grana se limitasse a pagar posts elogiando este ou aquele restaurante, vinho ou vinagre, era já de se espantar, mas acredite, ainda estaria bom. O que dizer dos blogueiros analistas políticos? Há gente famosa na profissão se vendendo, eu não imagino por quanto, mas a grana deve ser gorda, porque com ela vai-se a reputação - construída graças àquela "imprensa vendida", aquela mesma, que deu a eles, durante anos, a chance do trabalho remunerado, da visibilidade e da fama profissional - posta na lata do lixo.

Unknown disse...

O blogueiro deve deixar claro no post que é um publieditorial. Já ouve caso aqui no Brasil de blogueiro que teve problemas sérios por não esclarecer. Agora o troca troca rola solto....

Vivianne Pontes disse...

Olá, Carlos Alberto!

Acho que por ter visto dados apenas de uma fonte, você pode estar se baseando em um lado da coisa (o ruim) pra fazer estas afirmações. Sou blogueira profissional, e por respeitar muito o seu trabalho, achei que valia a pena te mostrar um outro ponto de vista.

Em todos os campos, funções, e etc, existem pessoas honestas e desonestas. Clichê, que vale a pena repetir. Vou te falar do lado honesto da coisa.

Leitores se sentem mais próximos de blogueiros e blogueiras, é uma relação pessoal, como uma relação de amizade, ou ao menos um simulacro de uma relação de amizade (você certamente experimenta isto, a relação é sempre de prenomes). E sempre damos atenção à opinião de amigos. Muitas empresas querem ver seus produtos em blogs por isso, e claro, pela visibilidade.

Pois bem, o blogueiro profissional precisa vender publicidade, pra ser capaz de viajar para cobrir eventos, melhorar a qualidade das imagens, equipamento tecnológico, etc. Ganham todos, pois com o faturamento com publicidade, acaba-se naturalmente sendo capaz de produzir um conteúdo de melhor qualidade.

Um blog é uma revista digital. Alguns, inclusive, com redação de tamanho semelhante. Aproveitando a comparação da revista impressa, elas também tem páginas de publieditoriais pagos. São textos, que podem ou não ser produzidos pela equipe da revista. Por que o blog não poderia ter? Você pode responder: porque no blog eu nunca vou saber se é gratuita ou não. Wrong. Existem regras para isto, e nos exemplos que você deu, as regras não foram seguidas.

Como eu escrevo em blogs desde 1999, e a legislação americana veio antes e é mais completa, é ela que sigo. O FTC (Federal Trade Comission) americano tem normas para a produção de publieditoriais (publipost é um neulogismo preconceituoso). Para eles é preciso marcar o post como pago, mesmo você não tendo sido pago em espécie por ele. Ganhou dinheiro ou presente ou produto ou livro ou wathever da empresa e divulgou, é pago "publieditorial". Ou seja, ganhou o almoço e divulgou? É post pago.

Eu marco todos os posts sobre produtos e ou serviços no meu blog com a palavrinha "publieditorial" junto ao título. Eu não estou enganando ninguém.

Pontos a se considerar:
- Não faço publicidade ou publieditoriais para empresas ou produtos que não conheça. O meu produto mais valioso é a minha credibilidade. Só corroboro e escrevo sobre empresas nas quais confio. Se o contrário acontecesse, perderia o leitor, e eu também, uma vez que a linha de confiança seria quebrada. E é claro, perderia o anunciante.
- A equipe do meu blog produz todos os textos publicados neles. Não publicamos conteúdos de terceiros, mesmo que seja semelhante ao nosso.
- Eu não faço publicidade gratuita para empresas. Seja no blog, seja na minha vida pessoal.

Tem um bom post sobre isso aqui: http://diannej.com/blog/2009/10/new-disclosure-law-for-bloggers-11000-fine e o Apartment Therapy tem uma página de "disclosure": http://www.thekitchn.com/ftc

No Brasil, o CGI tenta (http://www.cgi.br/), mas ainda não tem uma norma clara.

Mas a minha pergunta é: e você, quando ganha um produto, ou jantar e mostra, marca como pago ou "publieditorial"? Se não, melhor passar a fazer isso agora. ;-) É uma maneira de começarmos a organizar a história. De todos os lados. Acho importante, tanto como blogueira, quanto como consumidora.

Mas por outro lado, entendo que para a crítica de restaurantes, a discussão tem que ser mais longa.

Um abraço!

Vivianne Pontes
www.dcoracao.com

carlos alberto doria disse...

Vivianne, obrigado pelo longo esclarecimento. Mas quero deixar claro que não falo de "blogueiros profissionais" nem de suas normas. Nem estou procurando ver o outro lado. Apenas acho que a confusão entre escrita independente e escrita remunerada é nociva à livre expressão. Contra isso escrevi. Nada mais.

Vivianne Pontes disse...

Mas Doria, eu concordo integralmente com você! "a confusão entre escrita independente e escrita remunerada é nociva à livre expressão". Por isso é preciso não haver confusão, e identificar os textos comprados. E, no caso de crítica de restaurantes, informar se o jantar acabou saindo por cortesia, etc. Não dá pra eliminar o presente, o pagamento - pois, inclusive acredito que assim o crítico poderá visitar MAIS restaurantes. Mas é preciso identificar o que foi pago.

Além disso, também acredito, a integridade não deve estar à venda. Já critiquei pontos em meus posts pagos. E o cliente aprovou, inclusive, a crítica. E também já me recusei - por vezes que nem mais consigo contar - a redigir publieditoriais elogiosos a empresas que não confio.

Em resumo, se houver clareza e relação de confiança, não tem por que não haver post pago. A clareza é muito importante. Melhor que falar "não pode" (que não vai evitar nada, só vai fazer com que se continue fazendo escondido), é falar "pode, mas com identificação".

Abraço!

Anônimo disse...

Oi Carlos, Bom Dia!

Meu nome é Letícia, trabalho no Grupo Comunique-se e estou entrando em contato para saber se você tem interesse em cadastrar o seu blog em nosso mailing. Nossos clientes, assessores, assessorias de imprensa, etc., lhe enviarão material para produção de conteúdo: releases, sugestões de pauta, etc.
Este serviço é gratuito, caso tenha interesse envie um e-mail para: l.salamao@comunique-se.com.br
Para maiores informações sobre o Comunique-se, acesse: portal.comunique-se.com.br/index.php/o-c-se/sobre-o-comunique-se.html

Atenciosamente,

e-BocaLivre disse...

Cara Letícia, obrigado pela atenção. Mas não tenho interesse. Atenciosamente

Anônimo disse...

Olha, me desculpe, mas se você tem um blog e nunca soube nada sobre isso, é caso de desinformação.
Existe publipost na comunicação online assim como existe publipost na off-line. A ética reza que isso fique claro, tanto cá quanto lá, o que infelizmente nem todos fazem.

Agora, uma coisa é nunca ter usado o blog com fins comerciais. Outra, é se lamuriar porque até agora ninguém mandou dinheiro. Existem opções. Faz-se escolha por não aceitar ou aceitar, simples assim. O resto é só mimimi....

e-BocaLivre disse...

Ah, é, anonimo. Tudo se resume mesmo a aceitar ou não aceitar. O claro é melhor do que o obsclaro.

Anônimo disse...

Anônimo 01 apoiado! Chega de reclamação vai, Dória. Logo logo alguém paga pelo seu caviar, okay?!

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