04/04/2013

Pensamentos moqueados


Comida se especializou em ver “tendências”, mesmo onde não há. Agora é a de defumar (legumes, frutos do mar e farinhas) onde já havia “bacon, o salmão, o peito de peru” (sic). Na minha reles opinião, peito de peru não existe. Como então pode ser “defumado”?

O mínimo que se esperaria de uma matéria assim, de “tendência” inventada, é que desse um panorama sobre as diferenças no processo de defumação (o moquém, lembra?) e fizesse um passeio sobre as madeiras ou outros ingredientes utilizados. No Madrid Fusión  vi um daqueles chefs defumar frutos do mar com curry; outro, defumar carne com maconha e assim por diante. A “tendência” que eles queriam indicar era a variação em torno de uma técnica banal; a inovação no que o fogo consome- o que não se vê no Comida.

A prova de que boas matérias perduram é a “resposta” de Paulo Kress, do conglomerado Kaá/Italy/Girarrosto/Jelly Bread a Zeca Camargo, sobre os preços abusivos dos restaurantes paulistanos. De verdade, não contrapõe um argumento sequer. Só esperneia, pois reconhece que na busca da “excelência” se vê obrigado a “ter um maior número de pessoas (não especializadas) no salão do que vemos lá fora”. Por que, Sr. Paulo? 

Outro argumento: “buscamos produtos de ponta no exterior, e a taxação para os importados é altíssima”. Fala dos “ingredientes de qualidade dos europeus”.Para que, Sr. Paulo? Aposto que usa polenta italiana, não é? 

 Fala também que “importamos até os chefs, cujos salários são fantásticos, comparam-se aos de diretores de bancos” (sic). Somos incapazes de formar bons profissionais, Sr. Paulo? Fala da formalização das relações de trabalho, onde antes existia “informalidade”. Também pesa “o aluguel dos imóveis, que dobrou nos últimos cinco anos”. Enfim, problemas que poderiam ter soluções criativas, como sugerimos anteriormente, exceto a nostalgia da “informalidade”. Exceto teimar em se concentrar nos ditos “jardins”.

E me pergunto: o serviço do Italy é excelente? Não, não é. E a comida? Também não: já comi bem e já comi bem mal. Mais mal que bem. Ele acha que um “um tiquete médio de R$ 100 para comer uma boa massa” não é um absurdo. Acho um absurdo aqui ou na China. Não entendi portanto por que “gastronomia em São Paulo é vítima de injustiça”, como se empresários fossem pessoas vocacionadas para distribuir...justiça!





Josimar procura dar uma força ao Tian, novo “asiático”. Basta ler seu texto para ver que o que predomina no novo restaurante é a falta de personalidade: nem tailandes, nem indiano, nem chinês, nem nada com carater marcante. Enfim, mais um descoladinho, na rabeira do bem sucedido Mestiço, do qual os donos foram sócios no passado. Lugar para quem não prefere São Paulo nem o Rio de Janeiro...

Matéria sobre carne de caça por Grant Achatz, no Next. Galinhota (que o dicionário Houaiss não registra. Seria um frango d´água, o Fulica chloropus?), charque de alce, tartar de coração de veado, um borracho, que o jornal considera uma “espécie de pombo jovem” (e que o dicionário Houaiss informa ser um pombo ainda não emplumado, sem falar de “espécie”). Enfim, um melhor perfilamento idiomático não faria mal a ninguém, em benefício da comunicação.

Paladar começa a propagandear a 7ª edição do evento Cozinha do Brasil.

Pedro Martinelli cria nova seção no seu blog: A Gaztronomia de Banannèri.

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