31/03/2014

A genética e a adaptação do frango de granja


Jairo Arenazio, diretor executivo da Cobb-Ventress, multinacional de genética avícola, escreve hoje  “O mito do hormônio na carne de frango”, na coluna Tendencias/Debates da Folha:

“O frango de hoje tem ótimo ganho de peso e conversão alimentar, ou seja, come menos a cada ano para produzir a mesma quantidade de carne à mesma idade (...). A seleção de aves, nesses termos, gera um ganho médio de 50 gramas ao ano por ave, além da redução de 40 a 50 gramas no consumo de ração para cada frango. Para se ter uma idéia, em 1960 se processava um frango com 90 dias de idade com um peso médio de 1,5 kg. Atualmente, o frango é processado com os mesmos 1,5 kg, aos 30 dias de idade. Em resumo, a cada ano, a ave é abatida para o mesmo peso com um dia a menos, tendo consumido 50 gramas a menos de ração”.

Os ecologistas, “sustentabilistas”, cozinheiros, tendem a considerar os organismos vivos como fruto da sua nutrição. Em biologia seriam considerados “adaptacionistas”, em oposição àqueles que sabem que as principais características dos viventes advém da sua genética.

O artigo do engenheiro não discute a qualidade das rações - que certamente influenciam o animal - mas nega que elas possuam hormônios, pois o aditivo seria ineficaz. Põe por terra, portanto, o marketing de marcas como a Korin e, se isso é verdade, faz o consumidor sentir-se um perfeito idiota.

Sem dúvida a diretriz de fazer frangos cada vez mais baratos afeta igualmente a genética e a alimentação. Ao se limitar à genética, seu business, o engenheiro perdeu uma boa oportunidade de nos esclarecer sobre o conteúdo da ração. E foi justamente a composição da ração - o canibalismo forçado - que produziu a “vaca louca”, décadas atrás.

Para o consumidor pouco importa se o que não lhe faz bem vem da genética ou da adaptação do animal. No caso do frango, seria bom abrir essa “caixa preta” de uma vez por todas.

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