28/05/2014

Os frangos e a compaixão II

Jacus, mutuns, macucos gordos talvez tenham sido as verdadeiras razões para os índios brasileiros nunca aceitarem os frangos em sua dieta. Uma mudança penosa. Criavam frangos, sim, para vender aos brancos. Ou para arrancar as penas que, tingidas, formavam os cocares.

Na tradição europeia, vindas da Índia, pareciam coisa nobre, retificadora do corpo dos doentes. Iguaria até. Mas a degradação do frango na cultura ocidental é o retrato perfeito da degeneração de qualquer carne na cultura ocidental. 


Degeneração porque, tantas são as mudanças genéticas  introduzidas pela seleção artificial que esses animais já não conseguiriam viver por si próprios na natureza. São artefatos, não animais. A galinha requer compaixão.

Havia uma raça de frangos, pouco prolífica, feia, atarracada, baixinha, de peito grande, que se extinguiu. Um dia, numa ninhada de um fazendeiro inglês, eis que nasce uma animal feio assim. Sua genética foi restaurada, e eis que surgiu o dito “chester”. O que era defeito virou virtude.

Comida procura mostrar frangos diversos a partir de sua alimentação, apesar de indicar uma misteriosa “evolução” genética. Não consomem hormônios, só antibióticos (ufa!). São fedidos, com cheiro de ração. A dica do jornal: marinar “por ao menos 12 horas antes do preparo”. 


O professor Hervé This já demonstrou que marinar por mais de 2 horas não adianta nada. Digamos que adianta sim: quanto mais desprezível a carne, maior a importância dos rituais de purificação. E da-lhe marinada. Sábios aqueles índios.

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