08/05/2015

Quando a prosa do capitalismo sufoca a criatividade gastronômica

O chef Homaru Cantu foi encontrado morto, enforcado, há 20 dias, em Chicago, no lugar onde abriria uma cervejaria ainda esse ano. Ele, que tinha uma estrela Michelin em seu restaurante Moto, era um desses inovadores que povoam a gastronomia. Além disso, era um camarada que trabalhava duro.

Com apenas 38 anos, já havia trabalhado em cerca de 50 restaurantes, tendo chegado a sub-chef de Charlie Trotter antes de abrir seu próprio restaurante. Sua culinária era calcada na inovação. Mais do que um “cozinheiro maluco”, se via como alguém que estava “fazendo coisas que vão mudar o mundo”.

A “causa” do suicídio, segundo o The New York Times, foi um processo que um sócio movia contra ele, por usar a conta bancária do Moto para fins pessoais, despesas de viagem e desenvolvimento de produtos que patenteou.

Se recordarmos a morte, também por suicídio, de Bernard Loiseau, logo depois de receber a notícia do “rebaixamento” do seu restaurante no Michelin, o que afetaria gravemente o lançamento de ações do seu grupo na bolsa de valores, somos levados a suspeitar que o capital talvez crie pressões insuportáveis para empreendimentos que, aparentemente, são puro glamour.

Até onde a busca do encantamento do mundo é compatível com a prosa do capitalismo?

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