11/08/2015

A culinária com latitude e longitude


De todos os cursos que estamos oferecendo no Mackenzie ao longo do segundo semestre, o Introdução à Cartografia da Culinária Brasileira  será aquele que apresentará a maior dose de ineditismo.



Ele segue, metodologicamente, contra a corrente de tudo o que se faz visando representar a culinária brasileira no espaço nacional. Salvo quando se estuda academicamente grupos tribais ou pequenas comunidades, a culinária é dividida no mínimo em estados e, no máximo, em regiões. Acontece que mesmo as regiões não são tão antigas assim na forma atual: datam do final de 1940 de sorte que, como recorte para estudar história ou “tradições”, de nada ajudam, e até mesmo atrapalham.

O primeiro passo será esquecer a divisão territorial sustentada pelo IBGE, visto que ela não se apoia em aspectos culinários. Estes foram sobrepostos a ela por interesses da indústria turística, representando pratos “tipicos”, simplificando e caricaturizando o trabalho complexo da cozinha, como meros atrativos para viajar. Mas como é difícil distinguir, mesmo com esses critérios pobres, a culinária entre estados vizinhos!

A nossa dificuldade e o pioneirismo metodológico começarão justamente pelo abandono da representação socio-política do país, buscando outros caminhos para encontramos a diversidade do que se come, marcada pela história, pela biodiversidade, pela cultura local. Seguiremos, assim, o caminho moderno e bem sucedido de algumas culinárias européias nas últimas décadas.

As vantagens de uma territorialização correta da culinária do Brasil serão enormes, tanto para pesquisadores em geral, como antropólogos, sociólogos ou cozinheiros, quanto para um turismo que não se limite a contemplar paisagens, preferindo encontrar o “humano” que as construiu.

As inscrições estarão abertas até o dia 22 de agosto.

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