Como não sou jornalista, e não estou nem ai para a “neutralidade”, nunca escondi: sou fã de Vitor Sobral e sigo os seus passos. Meu lado baba ovo. Mas o sucesso dos seus vários empreendimentos mostra por sí só que ele está no caminho certo. Agora, chegamos à padaria.
Nem todas as cidades do Brasil tem padarias comandadas por portugueses. São Paulo e Rio de Janeiro são assim, Porto Alegre não. Mas desde o grande boom dos supermercados, as padarias minguaram quando os pães foram usados como estratagema para atrair clientes para as grandes redes de varejo. Viveram uma lenta agonia, sustentaram o negócio vendendo chicletes, bubbaloo, fichas telefônicas e pilhas para compensar. Quase morreram totalmente, e facilitaram a entrada no mercado dos pré-mix que substituíram padeiros por um misturador de água nessas gororobas fermentadas dos grandes moinhos.
Mais recentemente, com o crescimento das classes C e D, elas voltaram a crescer sob a forma de lanchonetes. As diferenças entre as lanchonetes puro sangue e as padarias é que essas últimas vendiam também um simulacro de pães. Coisas monstruosas como a Bella Paulista pipocaram pelos bairros da cidade, oferecendo simulacros de “almoço”. Os pães ficaram totalmente em segundo plano, esquecidos.
Até que mais recentemente, começaram a surgir padarias-boutique, graças à descoberta tardia dos fermentos naturais (o que os empresários chamam pedantemente de levain) e da insatisfação do público. São padarias para quem gosta de pães “orgânicos” com chia, quinoa e outras aditivos de sabor mais ideológico do que de gosto refinado.
Pão é pão. E é o que se encontra na Padaria da Esquina que Vitor Sobral acaba de inaugurar na alameda Campinas, próxima à rua Estados Unidos. Padaria com pelo menos uma dúzia de pães de origem portuguesa, doces idem (inclusive toucinho do céu com toucinho e chila!). Um pequeno espaço de 30 lugares onde se pode comer como se fosse uma lanchonete, mas totalmente diferente.
O que particulariza esse novo empreendimento é que o pão voltou a ser o protagonista principal, como antes das padarias portuguesas serem sufocadas pelos supermercados. Parece então que a Padaria da Esquina esteve esses anos todos escondida sob a terra e Vitor Sobral só fez escavar e trazer à luz esse sitio arqueológico, dando-lhe um ar mais moderno no decór e em uns poucos pratos que giram em torno do pão.
Depois das grandes navegações, os portugueses não tiveram maior importância no Brasil a não ser no comando das padarias. Vitor representa uma esperança para os antigos padeiros portugueses retomarem a nau sem rumo dos pães cotidianos. Depois da padaria-gourmet, é hora do pão-pão, queijo-queijo.
5 comentários:
Sucesso ao Vitor Sobral e sua Padaria da Esquina.
O Sr precisa conhecer um pouco de padaria , chamar de goro rodas fermentadas ? Conheço o Sr Vitor Sobral desde Portugal ,e ele é ótimo naquilo que faz ,até porque eu frequento o restaurante dele aqui ,agora desmerecer o que tinha e tem aqui ,o Sr é um bom babá ovo .
O Sr precisa conhecer um pouco de padaria , chamar de goro rodas fermentadas ? Conheço o Sr Vitor Sobral desde Portugal ,e ele é ótimo naquilo que faz ,até porque eu frequento o restaurante dele aqui ,agora desmerecer o que tinha e tem aqui ,o Sr é um bom babá ovo .
O importante, sempre muito importante, é o respeito às opiniões alheias, ainda que absolutamente contrária as nossas. Sem discussões ou embates inúteis!!
Ao meu entender, ele chama de 'gororobas fermentadas' as pré-misturas que existem por aí, que precisam apenas que se misture água e pronto, vira uma tentativa de pão, mas com características totalmente artificiais. Tira a mão do bom padeiro e substitui por pão em pó.
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