14/12/2010

A força da grana que cozinha coisas belas

A tentação é dizer “o Così dos ricos”, mas seria alimentar a ilusão de que exista um Così dos pobres. Não há não! Também o novo North Grill, mais próximo do “pelotão de elite das steak houses paulistanas”, como diz Luiz Américo, parece repaginado para os ricos. Por fim, o La Pailotte, agora na Mello Alves - além daquele do cafundó do Ipiranga, às margens já não tão plácidas da avenida Nazaré - trazendo o camarão a provençal para perto dos ricos que tem preguiça de deambular pela cidade. Justo agora que inauguraram uma estação de metro (Alto do Ipiranga) à côté do velho Pailotte!
No geral, esse movimento expressa a “força da grana que ergue e destrói coisas belas”, está claro. Dinheiro atrai sucesso, é verdade. Mas o fato é que essas casas que agora se achegam à grana fizeram sucesso em outras plagas. Acumularam um capital intangível (na marca) e se mudaram, de mala e cuia, para o ninho da burguesia ascendente paulistana.
Deve ser muito chato mesmo supor que se tem estofo para cobrar mais pelos bens e serviços e ficar condenado, pela geografia urbana, a um faturamento menor. Um dia se joga a toalha e se diz: “chega de ser off Broadway!” Investe-se ou acha-se um investidor decidido a apostar nesse salto.
O problema é que a vida econômica não é estável. O que parece sólido, dilui-se, como se viu recentemente. E, ai, o ciclo recomeça. E quem não tinha grana, está disposto a fazer uma comida barata, fora dos círculos dourados da cidade, pode se dar relativamente bem longe desses endereços. Rouba cliente dos bairros “in”. Depois, tudo volta ao normal. Mas, o que é ponto “normal” num circulo?

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