10/11/2011

Leitor de 5ª não come ostra fora de temporada

As capas? Ostras no Paladar; “Casas do Norte”, no Comida.

Mais uma vez, o ingredientismo faz da ostra “a coisa”. A matéria é boa, mostra alguns angulos do tema, especialmente a diferença entre a ostra de Santa Catarina, de matriz do oceano Pacífico, e a ostra de Cananeia, muito nossa, desde os antigos sambaquis. Alguns lugares, em São Paulo, onde se pode comer ostra. Mas por que raios o jornal escolheu fazer a matéria quando diz que a temporada das ostras está acabando? Por que espírito de porco não fez no auge?

A matéria sobre “Casas do Norte” é mais interessante que a das ostras, pois mostra um ângulo sociológico de São Paulo pouco observado. Juliana Saad e Priscila Pastre-Rossi andaram peregrinando pelas ditas “casas”, fuçando o que vendem. E nos dão seis diferentes endereços para fuçarmos nós mesmos, já que os nordestinos vão sendo paulatinamente substituídos pelos paulistanos como clientes. Deslize na matéria: explicação pouco convincente da diferença entre “carne de sol” e “carne-seca”. A uma faltou empilhar no sal, crendo-se desidratar pela ventilação; à outra, faltou a menção ao sal e ao vento. Era só dar uma lidinha no Camara Cascudo...

Dna Forbes nos avisa: está de malas prontas para Gastronomika. Irá torcer “para que brilhemos”. Eu também irei, para ver o Rodrigo Oliveira, a Roberta Sudbrack, a Helena Rizzo, o Alex Atala, ao lado de tantos outros estrangeiros de primeiro time mostrando o “estado da arte”, seja nos países ditos “emergentes” (Brasil, Peru), como nos “submergentes” (Grécia, Italia e saiba deus quais mais).

Interessante crônica de Simon Lau no Comida sobre as “bananas” de baunilha do cerrado, que alguém leva à sua porta, no Aquavit em Brasilia. Ele se espanta com a existência de baunilha nacional. Leitor, para que você não se espante, consulte logo a enorme variedade de baunilhas existentes no país, segundo a Flora Brasiliensis, obra monumental de Martius, encontrável na web ( sendo um dos trabalhos culturais mais notáveis da Fapesp), que indica, na família das orquídeas, as vanilleae, subtribo com várias ocorrências, algumas exibindo o respectivo desenho botânico de Martius.

Nina Horta recorda as casas do interior com a família feliz, as galinha de Clarice Lispector no quintal, a horta com a couve, o empadão de galinha que será feito amanhã. Por fim, Comida faz uma “brincadeira”: de quem são essas mãos de chef? Não vi mãos, além daquelas da moça de olhos insuportáveis, Tati Szeles.

Luiz Américo resenha o Mangiare. Fez vista grossa para os quase infinitos erros de grafia e concordância de palavras italianas que se encontram no cardápio e conferem à casa um jeito incorrigível de coisa fake. Josimar, no Comida, resenha o “clima de tasca” do Taberta 474.

Nos vinhos? Destaque para a entrevista com Filipa Pato, a cacófona formada em Engenharia Química que faz vinhos pra lá de razoáveis, trazidos pela Casa Flora.

0 comentários:

Postar um comentário