12/05/2012

Gente-pastel não liga para o seu Mercado

Vivemos a época das pequenas causas. Algumas diminutas, como a minha. Há algum tempo me converti numa ING (Indivíduo Não-Governamental) em Defesa do Mercado de Pinheiros, pois, embora haja tanta gente contra a verticalização do bairro, não há quem se manifeste contra a “desmercadização” de Pinheiros.

Hoje, foi necessário esperar 15 minutos para encontrar uma vaga no estacionamento público do mercado. Por outro lado, quatro vagas estavam ocupadas por seis mesinhas vazias (foto), onde outrora se estacionava. Fui à diminuta luta...

- O senhor recebe parte dos lucros da pastelaria?, perguntei num box.

- Não, por que?

- Então por que o senhor deixa que coloquem mesinhas nas vagas dos seus clientes? O senhor quer que eles estacionem onde? Ou que não venham, como um amigo meu que já não vem?

- Ah, o senhor pode reclamar com o presidente da Associação...

- O senhor não está me entendendo. Eu tenho opções, o senhor não! Posso ir fazer compras em outra parte. Minha observação é em seu benefício.

Repeti a pergunta em mais dois boxes e a resposta foi sempre do mesmo tipo: “não é problema meu”.

Depois das compras, fui falar com a proprietária da pastelaria, dona da mesinhas.

Dona Branca me disse: “ah, isso aqui é uma bagunça. Gente que trabalha nas redondezas para o carro aqui. Eu pedi e a administração deixou que colocasse as mesas”.

- A senhora está dando tiro no pé. Acha que alguém vai parar por ai para vir aqui comer o seu pastel?

- É, mas o senhor sabe que os donos de box também estacionam dentro do mercado? Todo mundo pára. Quase não há vagas para clientes.

Dona Branca, sensível aos argumentos, mandou retirar as mesas. Quatro carros, que esperavam em fila, tiveram onde estacionar...

Assim é a marcha inexorável da “desmercadização”: cada um por si, dane-se o cliente. E o poder público, que deveria normatizar o uso de olho no interesse do cidadão, está pronto a ceder os princípios em troca de uns pastéis. Aposto que segunda-feira as mesas voltarão a ocupar as vagas de estacionamento. Será assim enquanto não houver uma ONG em defesa dos bens públicos do bairro.

2 comentários:

Breno Raigorodsky disse...

Sua Ing é moinha Ing, a partir de agora. Além de Ing,serei também Ing (Indivíduo Não Governável), destruindo todos os abusos que notar.
Já sou Ing em relação à feira de rua que me persegue desde 1974, sempre ocupando ruas onde eu me situo, seja nas Perdizes, em Pinheiros ou Vila Madalena. A de Pinheiros saiu da Idade Média e foi para a Praça Benedito Calixto. As outras continuam me acordando às 4 horas da manhã, montando suas barracas como se tivesse o direito dado de buzinar, conversar alto, ouvir rádio etc. a hora que for.

Breno Raigorodsky disse...

Gostei da postagem e do comentário acima, assinado por mim. Mas não fui eu que fiz este comentário, foi? Só li agora esta postagem, a anterior sim comentei... Estranhos os caminhos da internet, mas o que interessa mesmo é que gostei bastante de ser Ing.

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