04/06/2014

O futuro do pretérito

Sejamos claros: o futuro não existe porque, a médio prazo, todos estaremos mortos. Mas, um dia houve futuro. Duas colunas no Comida de hoje sobre futuro.

Alexandra Forbes acha que “camarão que dorme a onda leva”, querendo dizer que essa onda de pop-ups, adotada no mundo todo por chefões como Blumenthal, Achatz, Redzepi, na verdade uma “segunda onda” depois que o conceito virou carne de vaca, é forma quase obrigatória de “divulgar o restaurante e romper o status quo”.

Nina, na sua coluna, diz que tem cheiro de coisa nova no ar. Não sabe o que, mas que tem, tem!

Magnífica a sua digressão sobre o auge da nouvelle cuisine e como isso se tornou perceptível: a comida achatada no prato; depois a comida de Charlie Trotter, “a comida se levantava às alturas, as alfaces se equilibravam lá no alto, o palmito em fios mais alto ainda Havia chegado a moda da comida em morrinho, que custou muito a baixar e ainda não se deitou de todo”. E aquele ano inteiro que comemos tomate seco e rúcula? A nova futura onda, diz, tem a ver com os orgânicos, a paisagem dentro da cuia. “São modas, são caminhos para o futuro, civilizatórios, ou vão desaparecer sem deixar traço”?

E tem também os picles, os food trucks, os hamburgueres gourmets, os drinks sólidos, a “cozinha social”, a Ásia, o México, o mezcal, as cozinhas locais, o coelho e a cabra em substituição à carne de boi, a pele de frango e a pele de peixe, o bacon candy, o ceviche, a charcuteria doméstica, os chips feitos de vegetais que não a batata, e assim por diante. Essa disciplina adivinhatória chama-se food trends.

Me ne frego, expressão de meu avo que, na sua velhice, dizia: “a moda? de vez em quando ela passa por nós, e estamos na moda. Outras vezes somos antiquados. O segredo é não mudar e observar seu movimento, como se não fosse conosco”.

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