Não se pode alegar que haja falta de informação. A sociedade
dispõe de conhecimentos mais do que suficientes para redirecionar sua
alimentação em busca de níveis superiores de qualidade e sanidade.
Eventos como Frut.o,
mas não só ele, têm repetido à exaustão os argumentos em prol da alimentação
limpa, sustentável, de matriz artesanal, etc. Há mais de uma década se sabe
sobre o mal que fazem os venenos, a alimentação imprópria dos animas dos quais
nos servimos, ou a superioridade da produção agroecológica vis a vis a convencional.
Passar do conhecimento à ação é que são elas. Os chefs de
cozinha sabem do poder de imposição social que possuem em se tratando de novos
hábitos alimentares. Ele pode “inventar moda” e por isso mesmo ser aceito pela
sociedade que cultiva o valor da inovação. Então, por que eles não põem em
prática o banimento dos alimentos nocivos aos seus clientes?
É que nem toda a sociedade apresenta o mesmo grau de
esclarecimento, permitindo que os consumidores exijam para si aquelas coisas
que sabidamente fazem mal. Mas, tal e qual o cigarro, é possível estabelecer
padrões de consumo aceitos mesmo que contrarie certa parcela do mercado.
É claro que o caráter impositivo das leis ajuda a adoção de
padrões de consumo mais compatíveis com os padrões de saúde. Mas isso não é o
ideal, que se situa na mudança comportamental consciente.
O chef de cozinha tem um poder impositivo que não deriva da lei
mas, sim, do exemplo que decorre da adoção de práticas sintonizadas com o
futuro desejável. Banir o uso de vegetais portadores de doses excessiva de veneno – como o
tomate, o pimentão, a cenoura, etc – ou peixes criados em condições alimentares
impróprias, etc, é o que se espera deles. Que adotem o salmão selvagem, como o
da foto, em substituição ao animal doente, de cativeiro, com o que o Chile
infesta o mundo. É um pouco mais caro? É. Mas é infinitamente mais saudável. Não é só o peixe que morre pela boca.
Agora mesmo o país é surpreendido pela advertência da Rússia
de que não mais comprará soja do Brasil se os níveis de utilização dos venenos
não estiver adequado aos padrões internacionais, inferiores aos que o
agronegócio brasileiro utiliza e pretende incrementar.
Os chefs que resistem à reconversão da sua cozinha aos
padrões de saúde desejáveis em geral alegam, em defesa, a resistência dos
clientes à adoção das novas práticas. Todos os dias, um exército de
trabalhadores, indiferentes ao mal que possa fazer para si, exige à mesa sua
dose de salmão, por exemplo. O chef se acovarda diante da necessidade de dizer
NÃO em prol da saúde pública e, lamentavelmente, se curva.
Não se faz uma revolução nos costumes curvando a espinha.
Não se faz o bem senão abolindo o comprovadamente mal. Os chefs deveriam se dar
as mãos, associar-se em confrarias-do-bem, agroecológicas, por uma alimentação
limpa, etc – reforçando-se uns aos outros para fazer essa difícil travessia
diante da resistência da clientela. Não devem se esquecer: seu poder de
imposição é pedagógico, necessita mais e mais da criação de novos consensos, o
que não se atinge pelo comodismo ou covardia diante das dificuldades esperadas.
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