22/02/2009

A crise e os preços nos restaurantes

Alguns donos de restaurantes já choram pelos impactos da crise. Outro dia, um cozinheiro de um deles, da “moda”, nos “jardins”, me confessou: “ontem à noite só fizemos 10 couverts. Estou preocupado. Acho que vou começar a procurar emprego de novo”.
Não é para menos. Você vai a um restaurante, paga de R$ 12 a R$ 15 de estacionamento. O couvert custa R$ 7 a 12. A água, uns R$ 4. Quando você começa a comer pra valer, já desembolsou no mínimo R$ 25! Se levou seu vinho, para “economizar”, já vai morrer em mais R$ 20 no mínimo! Ai você pensa: semana que vem, vou comprar um quilo de camarão dos bons (R$ 85), convidar um casal de amigos, me divertir “muito mais em conta”. O dono do restaurante mal tem consciência de que ele mesmo te expulsou.
E tem também aqueles “bistrôs” moderninhos onde o dono, que se apresenta como chef, não está na cozinha. Tem lá um assalariado e outro no caixa (onde, nos bistrôs franceses, normalmente está a mulher do chef). Isso tudo custa! Fazer do modelo pequeno-burguês francês uma fonte de ganho capitalista desenvolvido nem sempre é possível. A diferença entre salário e lucro pode ser fatal.
Mas o Dois – Cozinha Contemporânea, pelos preços praticados, talvez esteja a nos indicar um novo (velho) caminho. Tem-se a sensação antiga do “preço justo”. Assim como no Mocotó.
É uma grande ilusão dos chefinhos modernos que se vai a um restaurante só pra consumir sua “arte”. Não, não é assim. Exige-se competência capitalista, isto é, tino concorrencial. Quando não se tem, a “arte” naufraga. As crises são isso: momentos seletivos.
Olha ai: os guias podiam comparar os restaurantes pelo quanto se gasta antes de chegar a entrada e o prato principal.
P.S.: Fui à Churrascaria Bassi. As preliminares ficaram em R$ 31! Mas eles não cobram rolha (fazem muito bem, afinal o foco da casa é CARNE). Apesar da carta bem feita (Mistral), você pode levar sua garrafa numa boa.

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