De repente, nos damos conta de que um ciclo se completou. Destacado do “campo culinário”, insuflado pelas midias, venerados pelos acólitos, o “campo gastronômico”, por um momento, pareceu autônomo. E eis que volta a se aninhar na cozinha doméstica, depois de mero aggiornamento tecnológico.
O movimento de um enorme arco parece chegar ao ponto de partida. De forma sintomática, Adrià lança livro sobre a comida em família. Tivemos a batedeira eletrica como novidade, agora temos o Thermomix. A sensação de carência de saberes capazes de colocar em movimento a nova cozinha doméstica parece se esvair: o novo equipamento vem acompanhado por um manual e o velho purê de batatas pode ser feito de nova maneira. Cabem também risotos, sorvetes, e uma parafernália de coisas que sempre imaginamos ter que buscar fora de casa.
O campo culinário, por um momento a-histórico, mostra sua historicidade. Ele também se move, seleciona e absorve os acontecimentos. Comer bem, digamos, não é tão novo assim. Precisamos encontrar novos motivos para comer fora. E não vale dizer que a comida local, a cenoura da horta, o frango que cisca, são melhores do que os dos supermercados. Isso vovó já sabia. Apenas não havíamos prestado a devida atenção.
1 comentários:
"Precisamos encontrar novos motivos para comer fora" .. gostei disso.. pois se for somente pela inovação temos a Thermomix e se for para comer a comida da vovó temos o supermercado..
foi isso (smj) que vc disse, Dória??
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