04/11/2018

O que fazer? - I


O QUE FAZER? - I

Dentre as várias pautas políticas temporariamente derrotadas na última eleição, um número significativo situa-se no plano dos valores e comportamentos na sociedade brasileira, isto é, no plano mais ideológico do que prático.

É preciso reconhecer que vivemos numa sociedade mais conservadora do que imaginado pelos atores políticos de classe média que privilegiaram, em grande medida, lutas como o feminismo, a igualdade de direitos das pessoas LGBT, a afirmação do “lugar da fala” dos negros, etc.

No plano da propaganda criou perplexidade o modelo de comunicação baseado na multiplicidade e atomização, expressa pelo FB e whatsapp, em oposição à centralização discursiva dos partidos políticos – sendo notável a eficácia maior de um “modelo pastoral” adotado pelas lideranças evangélicas.

Por onde, então, retomar a luta pelas liberdades democráticas, para encaminhar o país para um futuro de igualdade e fraternidade?

Desde logo, é bom reconhecer que várias das transformações em valores e comportamentos estão intimamente ligadas às transformações das bases materiais da sociedade. Não se pode solidarizar as pessoas em torno de relações de espoliação.



Portanto, é preciso hierarquizar as lutas, diferenciando aquelas que trabalham pelas mudanças nas relações de produção daquelas que visam um “acabamento” no plano dos valores culturais. O que une as duas ordens é a busca da solidariedade nas relações sociais (homem/homem), especialmente de caráter produtivo,  e na relação homem/natureza. O metabolismo social e o metabolismo homem/natureza  de qualidade solidária têm prioridade como objetivos a perseguir.

 Eles se contrapõem, portanto, à destruição de direitos trabalhistas, arrancados com muita luta e garantidos pelo Estado; e se contrapõem à destruição e contaminação da natureza que se volta contra a saúde humana e contra a reposição dos pressupostos naturais da produção. 

Em síntese: a defesa dos brasileiros e dos seus meios de vida definem o eixo estruturante do que se necessita como diretriz de luta democrática daqui em diante, no quadro de regressão civilizacional a que fomos atirados.

Isso coloca as pautas trabalhistas e ambientalistas, simultaneamente, na ordem do dia. São elas que, entre as demais, mais claramente apontam para a intervenção transformadora nas práticas de produção, apontando para um horizonte social igualitário e para um metabolismo homem/natureza regido pelas leis naturais.




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