Já está claro. A “crise” se aproxima. Vários indicadores já mostram uma mudança de comportamento do mercado: o preço dos imóveis desacelera. Em agosto a alta foi de apenas 0,6%, quando a variação anual foi de 12%. Além disso os restaurantes “gastronômicos” - que é o que nos interessa aqui - já apresentam sinais de forte queda no movimento. Calcula-se uma média de 25%, mas há aqueles que atingem 40%! E a queda se faz sentir especialmente à noite, quando a necessidade de “alimentação” pressiona menos, prevalecendo o componente “lazer”.
Não é aquela crise de arrancar os cabelos, ainda. A solução pode ser encontrada dentro dos restaurantes. Mas quem é esperto tira lições dos primeiros sintomas. Por exemplo, baixar os preços da operação. Na espiral ascensional do mercado, muita gordura ficou aderida. Os salários cresceram, os custos de mercadorias idem, e assim por diante.
O cardápio, o modo de executa-lo, o modo de comprar, os itens de serviço ofertados, tudo isso impacta os preços finais de venda e cria, no cliente, aquela convicção que faz com que frequente menos os restaurantes: está muito caro comer fora de casa!
Recentemente um proprietário de restaurante me disse que adquiriu um veículo e passou a fazer compras diretamente no CEAGESP. A economia foi de cerca de 40% no item matérias-primas. Isto pode representar uma queda de 12% no CMV. Não é desprezível. E o mercado é que dirá se essa margem se transfere para o cliente, via barateamento dos pratos, ou produz aumento da margem de lucro.
O mesmo poderia ser pensado em relação às tecnologias empregadas na cozinha. Quem tem o forno combinado o utiliza no máximo de sua capacidade? Em geral é um equipamento subutilizado, encarecendo o processo de produção.
Enfim, é chegada a hora de encarar o cardápio, quebrar a cabeça para cortar custos. Quem fizer isso, se dará bem. Quem não fizer continuará culpando os impostos, os clientes, e toda sorte de bode expiatório.
14/09/2012
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7 comentários:
Dória,
conhece alguma pesquisa sobre o perfil dos clientes das casas gastronômicas?
a impressão que tenho é que o arrocho salarial de funcionários públicos começou a pesar na decisão desse "lazer"...faz sentido isso?
Caro Dória,
Como conseguiu a informação de queda no movimento dos restaurantes "gastronômicos"? Em base em qual pesquisa? Ou quais "fontes" foram ouvidas?
Abraços,
Marcos
Dória, gosto muito das coisas que vc escreve e quero me aventurar a ter um bistrô em alguns anos, não ainda ! Mas preocupo-me com a questão do foco, pois já tive comércio e em meio a crise que se sucedeu após 11 de setembro de 2001, meti os pés pelas mãos e mudei meus produtos, vendendo coisas mais acessíveis. Foi um fiasco. Vc acha que esse é o caminho para a gastronomia? Mudar cardápios, baixar os preços e correr o risco de mudar a clientela?
Marcos, não há "pesquisa" no sentido técnico do termo. Não há Datafolha. Apenas converso com donos de restaurantes, com assessorias de imprensa, e a impressão que fica é essa. No polo oposto, os restaurantes considerados "baratos" estão cheios.
Abraços
Ale, obrigado. "Aventurar-se" é correr riscos, claro. Não são poucos na atividade. Tanto é que 70% dos restaurantes e bares não resistem a mais de dois anos de vida. Já a crise, quando forte, exige que os restaurantes se reinventem. Nem sempre dá certo. Justamente porque não há "ciência" que dê conta de todos os fatores que determinam o sucesso.
Abraços
Doria, o que voce enxerga como caro??, partindo do principio que o restaurante entrega uma comida de qualidade e um serviço bom que inclui o couvert, principal , sobremesa e os 10%, sem bebida alcóolica.
75,00????
Paulo
Paulo,
não acho que caro seja um valor absoluto. Caro é aquilo que as pessoas vão perdendo a capacidade de pagar, obrigando-as a rarear o consumo. A queda de movimento pode indicar que se atingiu um certo teto, não?
Abraços
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